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Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.

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Livrarias apertam pressão contra editoras que oferecem desconto ao leitor em sites

Canais de venda direta de livros, sem passar pelas lojas, têm aumentado sua relevância no mercado e gerado atritos

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As livrarias têm exercido uma pressão mais intensa e organizada sobre as editoras contra a oferta de descontos na venda direta de livros aos leitores em seus sites e redes sociais.

Casas editoriais de porte grande, médio e pequeno relataram à coluna terem sido abordadas de forma incisiva pela Associação Nacional de Livrarias, hoje presidida por Alexandre Martins Fontes, demandando mudanças nessa política comercial que desvia do canal dos livreiros.

pessoas manuseiam livros em pilhas
Leitores compram livros com desconto na Bienal do Livro, em 2023 - Eduardo Anizelli/Folhapress

Martins Fontes, dono da editora e livraria homônima, fez um discurso enfático sobre o assunto a uma plateia de centenas de pessoas nesta quinta-feira, durante o Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos que aconteceu na cidade paulista de Atibaia.

"As editoras estão oferecendo descontos que, se os livreiros oferecerem, eles fecham as portas", disse. "Oferecem frete grátis, mimos, ecobags, ou seja, atuam no sentido de atravessar o caminho das livrarias, incentivando o leitor a não ir até elas. Minha grande luta é convencer todos os players do mercado que estamos todos no mesmo barco e, se seguirmos nessa trilha, vamos todos para o mesmo buraco."

Depois, Martins Fontes contemporizou afirmando não ver problemas nas editoras venderem seus livros ao consumidor final, mas não podem fazer isso "por um preço diferente do que elas mesmas estabeleceram".

A cruzada é a mesma que leva as livrarias se organizarem contra as feiras universitárias, que oferecem livros pela metade do preço, e defender a aprovação da Lei Cortez, que tramita no Senado buscando limitar os descontos oferecidos sobre livros recém-lançados. Segundo os livreiros, combater essas práticas favorece a bibliodiversidade, as livrarias regionais e, no longo prazo, estabiliza preços de capa.

Por exemplo, os livros historicamente encareceram menos na França, onde há décadas vigora uma lei controlando descontos, em comparação com o Reino Unido, onde a prática é desregulada.

O problema é que as editoras têm se sentido acossadas pela pressão e indicam que a venda direta é um caminho sem volta, algo de que depende sua saúde financeira. Segundo pesquisa recente da Nielsen, a fatia do faturamento delas com esse canal subiu de 13% para 16% do total no último ano.

Editores ponderam que as livrarias não são capazes de dar vazão a todos os livros que precisam alcançar seus leitores, o que vale em especial para a produção de casas menores e obras de fundo de catálogo, que ficam paradas e precisam ser escoadas. A venda pelo site, com o atrativo do desconto, surge como alternativa sedutora ao reforçar o diálogo com os clientes e o aprendizado sobre seus hábitos.

O clima geral não é de hostilidade contra as lojas, mas um editor proeminente expressou à coluna que, no cenário de hoje, é possível estruturar todo o negócio de uma editora sem passar por uma livraria, e não adianta "querer parar o tempo". Outra agente do mercado afirmou que as livrarias precisam renovar as formas de atrair seus clientes sem "atacar as editoras".

FUROU O TETO A Bazar do Tempo comprou os direitos de um estudo referencial sobre as mulheres na literatura: "The Madwoman in the Attic", calhamaço publicado por Sandra Gilbert e Susan Gubar em 1979, analisa a produção feminina da era vitoriana e segue aguardado por pesquisadoras brasileiras. Deve sair em 2025.

O PROFETA Na esteira das duas superproduções hollywoodianas, a Aleph lança no segundo semestre o livro "Irmandade de Duna", escrito por Kevin J. Anderson e Brian Herbert, filho do autor do original. A nova obra será base para a série "Duna: A Profecia", da Max, e trata dos primeiros anos da sociedade das Bene Gesserit.

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