Amigo torcedor, amigo secador, se o inesquecível 7x1 do Mineiraço deixou a sensação de uma cerimônia fúnebre, a coletiva da CBF esta semana foi como uma missa de sétimo dia para rebobinar a memória da tragédia. Em vez de um conforto qualquer, a dupla Marin/Del Nero só provocou mais o choro da nossa viuvez futebolística.
Só resta a este nada objetivo cronista derramar lágrimas de carpideira. Sim, meu velho Millôr, de onde menos se espera é de onde menos sai mesmo. Bem que o Juca me avisou que não esperasse grandes coisas. É que devo ser parente da dona Lúcia ou neto da Velhinha de Taubaté. Só pode.
Como foi melancólico ver o Marin tapando o flash dos holofotes com a peneira da insensatez. Foi inevitável: me bateu a tristeza do Jeca, o esmorecimento que não cura nem com pirão de parida, receita contra o tédio que aprendi com o poeta pernambucano Ascenso Ferreira.
Ainda bem que o Gilmar Rinaldi esqueceu a tese do "apagão" e criminalizou o boné do Neymar. Nesse momento, doeu saber da capacidade de elaboração filosófica do novo coordenador da CBF. Não, não carece ser nenhum Nietzsche, nenhum bigode grosso da sabedoria, para ocupar o cargo. Até me contentaria com a simplicidade radical da lógica pura de um Neném Prancha.
Este delirante cronista, caro Juca, sonhando de novo. A convivência com o doutor Sócrates, amigo, me deixou mal-acostumado. Ler o Tostão idem. Só pode.
Juro que a missa de sétimo dia da CBF, celebrada com 24 horas de atraso no luto, me deixou mais triste do que a salsichada de Belo Horizonte. Fica difícil imaginar algum milagre por parte do novo treinador ilhado entres esses homens.
Via aquela mesa e pensava: coitado do Tite. Se é que vai ser ele mesmo! Tenho toda respeitabilidade com o ex-comandante do Corinthians campeão do mundo, mas que fogueira. Tomara que, só para variar, Juca, eu esteja completamente errado. Hoje e sempre.
Como é triste saber que não há no horizonte, ao contrário de qualquer partida de futebol, possibilidade de virada. A placa, fria e cética, informa: sai Marin e entra Del Nero. Vade retro.
No que me pego de novo em delírio. Digamos que em lugar daquela triste mesa da coletiva, um conselho de notáveis: Tostão, Reinaldo, Zico, Falcão, Paulo Cezar Caju, Afonsinho, Raí, Givanildo –sim, é preciso incluir que conhece o nosso futebol a fundo em todas as divisões. A lista poderia ser maior, foi apenas o que me ocorreu agora.
É, caríssimos Alex e Paulo André, só cantando aquela do "Tim Maia Racional" que fala em bom senso. Só acreditando em uma safra milagrosa como a de 1962. Olhai os lírios dos campos.
Pois é, caríssimos, é uma coluna triste, embora recheada de grandes nomes, apesar dos pesares. No que deixo aqui o meu adeus ao João Ubaldo, com quem dei a sorte de beber e com quem dei a sorte de ser abstêmio naqueles milagrosos botequins do Leblon que resistem ao terror da especulação imobiliária.
@xicosa
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