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05/07/2011 - 06h59

Aos 90 anos, garçom relembra meio século de trabalho no bar Leo

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PRISCILA PASTRE-ROSSI
DE SÃO PAULO

Seu Luiz de Oliveira, 90, gosta de se apresentar de duas formas: como garçom do Leo (bar tradicionalíssimo do centro de São Paulo) há 50 anos e palmeirense (melhor, "palestrino", como faz questão de corrigir) há 90.

Seletivo, não dá entrevista para qualquer um. Tem de ir com horário marcado, com bastante antecedência, e torcer para ele ir com a sua cara. Com os clientes, é simpático, mas firme. Não serve chope sem colarinho nem canapé sem mostarda.

Karime Xavier/Folhapress
Seu Luiz de Oliveira, 90, é o garçom mais antigo do tradicional bar Leo, em SP; *Folha* resgata sua história
Seu Luiz de Oliveira, 90, é o garçom mais antigo do tradicional bar Leo, em SP; Folha resgata sua história

Os 90 anos foram comemorados no Leo, há poucas semanas, servindo os clientes que de tão assíduos tornaram-se amigos e lotaram o bar para homenageá-lo.

Conta dos detalhes da festa com a mesma facilidade com que se lembra do seu primeiro emprego em São Pedro, cidade onde nasceu. "Era lavador de pratos de um hotel, mas não deu certo porque eu quebrava muita louça."

Com empolgação, fala do primeiro emprego em São Paulo, na casa de lanches Salada Paulista, na av. Ipiranga. Foi lá, em frente ao antigo cine Marabá, onde aprendeu a ser garçom, onde conheceu o amigo que mais tarde o convidaria para trabalhar no Leo e onde, diz, serviu uma salada de "papas" a Che Guevara, nos anos 1960.

De quando foi para o bar Leo, lembra-se de que ali não entrava mulher. "Era para não entrar as outras, as 'de vida fácil', diz. "Quando aparecia alguma acompanhando o marido era um problema, porque não tinha nem banheiro para elas", conta.

Mas gosta mesmo é de falar de quando atendia Jânio Quadros (1917-1992). "Ele tinha fama de bebedor, mas aqui no bar só pedia arroz com feijão". E para beber? "Só tomava água mineral."

Entre os famosos, serviu nomes como Antônio Marcos, Orlando Silva e Sílvio Caldas.

É difícil calcular quantos chopes seu Luiz já serviu no Leo. Ao longo das cinco décadas, deve ter servido ao menos meio milhão de chopes.

Hoje, ele trabalha de segunda a quinta. Chega perto das 14h e vai embora, para sua casa na Pompeia, quando começa a se cansar.

Em dias de muito movimento, reclama se não é chamado em sua casa para ajudar. Solteiro, diz que não sabe se encontrará uma companheira. "Enquanto isso não acontece, vou 'bebemorar'."

ASSIM É SEU LUIZ

NOME
Luiz de Oliveira

NASCEU EM
1921

NA CIDADE DE
São Pedro

ESTÁ NO BAR LEO HÁ
50 anos

SER GARÇOM É
Uma vocação

UMA PAIXÃO
Palmeiras

CHOPE SEM COLARINHO
Não é chope

MULHER
Sou solteiro, mas mulher sempre tem, né?

UM SONHO
Viver mais 90 anos

JÁ SERVIU
Jânio Quadros e Che Guevara

 

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