Comandante do Exército diz que interventor vai pedir R$ 1,5 bi para o Rio

General afirmou que anúncio de R$ 3,1 bilhões na segunda foi confusão

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Rio de Janeiro

O comandante do Exército, general Eduardo Villas-Bôas disse nesta terça-feira (20) que a intervenção federal na segurança do Rio demandará cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos adicionais. Ele admitiu preocupação com “incerteza” sobre os resultados da intervenção.


“Eu estou otimista e preocupado. Confesso que muito preocupado pela incerteza de que nós vamos, realmente, atingir todos os resultados”, disse Villas Bôas, em entrevista após participar de evento no BNDES.

Em seu discurso no evento, Villas-Bôas pediu compreensão com o comando da intervenção, diante da complexidade da situação no Rio, mas disse que o processo deixará resultados de longo prazo.


Segundo ele, o orçamento detalhado de recursos para a segurança do Rio será apresentado ao governo ainda nesta terça pelo interventor, o general Walter Braga Netto.

Na entrevista, o comandante do Exército disse primeiro que o valor ficará em pouco mais de R$ 1 bilhão. Depois, arredondou o valor para “em torno de R$ 1,5 bilhão”. Ele não soube detalhar como será gasto o dinheiro.
 

Villas-Bôas disse que houve confusão dos parlamentares que participaram de reunião com o interventor na segunda (19) e anunciaram a necessidade de R$ 3,1 bilhões. O governo já anunciou à disposição de liberar R$ 1 bilhão.

A conta da intervenção em uma rede social, porém, confirmava os R$ 3,1 bilhões.
 
Villas-Bôas disse que a missão prioritária do comando da intervenção é reestruturar a estrutura da segurança no estado, para permitir que os resultados se mantenham no longo prazo.


“Todo esse estado de coisas a que nós chegamos é resultado de décadas e décadas de ambições e necessidades básicas da população não atingidas, que acabaram se represando e transbordando sob a forma de violência”, afirmou, em palestra no banco.

“Pedimos compreensão com os companheiros que às voltas com esse tema, que quanto mais se debruçam sobre ele, mais verificam a sua complexidade”, continuou ele, dizendo que as Forças Armadas manterão uma postura de “não gerar expectativa, de não tomar atitudes espetaculosas, de não inaugurar promessas”.

A intervenção na segurança do Rio foi decretada no dia 16 de fevereiro. Desde então, o foco dos militares foi a Vila Kennedy, na zona oeste da capital, que recebeu diversas operações e uma ação social no último sábado (17).

As Forças Armadas decidiram, porém, desmobilizar os efetivos na área. “Temos que considerar que o Rio tem mais de 800 comunidades”, comentou Villas-Bôas, dizendo que o objetivo é tentar agir em outras regiões. Mas ele não soube precisar qual o próximo foco.

Em nota, o gabinete de intervenção federal afirmou que  "o montante de recursos necessários à segurança pública do Rio de Janeiro refere-se ao total de passivos (dívidas) e ao custeio de investimentos necessários até o final de intervenção".

Os interventores disseram, ainda, que ao governo estadual cabem as despesas com pagamento de pessoal.

"O restante poderá ser aportado pelo governo federal, de acordo com as necessidades do estado e prioridades a serem estabelecidas, a fim de permitir o cumprimento dos objetivos da intervenção federal no Rio de Janeiro", finaliza a nota.

MARIELLE

O comandante do Exército classificou como injustificável o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), na última quarta (15), e se disse preocupado com a polarização política em torno do tema.


“Vejam o potencial que ele [o crime] adquiriu no sentido de desagregação”, disse. “Se não ganharmos densidade, estaremos sujeitos a potencial fragmentação, se não territorial, de nossa sociedade.”
 

Marielle foi morta com quatro tiros em ação que a polícia acredita ter sido premeditada. Seu motorista, Anderson Gomes, foi atingido por três tiros e também morreu.

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