No dia em que completa 50 anos, o Metrô de São Paulo registrou falhas graves em duas linhas de seu sistema na manhã desta terça-feira (24). Na linha 1-azul, que liga as zonas sul e norte da cidade, os trens pararam de circular, e todas as 23 estações foram fechadas após uma falta de energia elétrica nos trilhos. Simultaneamente, na linha 15-prata do monotrilho, quatro estações recém-inauguradas às pressas pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) também foram fechadas por falhas mecânicas.
As panes no dia do aniversário da empresa causaram um nó no deslocamento do paulistano. Na linha 1-azul, o problema foi detectado por volta das 8h50 entre as estações Vila Mariana e Luz. Minutos depois, a falha se estendeu por todas as estações, que foram esvaziadas em seguida.
Por medida de segurança, o metrô fechou as estações, que estavam abarrotadas de passageiros. Avisos sonoros informaram os usuários sobre a suspensão da circulação dos trens. Somente às 10h17 as plataformas passaram a ser reabertas, e os trens voltaram a circular.
A pane na linha 1-azul também provocou reflexos nas linhas 2-verde e 3-vermelha, que passaram a operar com velocidade reduzida. Diante do caos diante de estações fechadas, a SPTrans (empresa municipal de transporte) pôs em circulação 40 ônibus para atender os passageiros afetados. Os veículos foram deslocados para as estações Turucuvi e Santana (zona norte) e Jabaquara (zona sul).
Segundo o Metrô, a pane foi causada por pessoas não autorizadas que acionaram o equipamento de emergência das plataformas. O aparelho desliga a energia dos trens em situações extremas, como no caso de uma pessoa que venha a cair nos trilhos, por exemplo.
A empresa disse que, por meio de imagens das câmeras de segurança, procura identificar os responsáveis.
Já o Sindicado dos Metroviários afirmou em nota que, em apuração junto aos funcionários, constatou que a falha no equipamento de emergência não foi humana, mas do sistema.
ATRASOS
Por volta das 10h, a engenheira Roberta Fernandez, 33, era uma das dezenas de pessoas à espera de um ônibus em frente à estação Jardim São Paulo, na zona norte. “Já estou aqui faz uma hora e meia. Agora é esperar o caos passar ou chegar um ônibus. Já avisei no trabalho que não tenho hora pra chegar.”
Segundo o Sindicato dos Metroviários, os problemas registrados nas linhas são um reflexo da falta de investimento do governo paulista na estatal. “Atualmente faltam peças para reposição, o quadro de funcionários é reduzido e não há prioridade na política de prevenção para evitar e diminuir o número de falhas”, afirmou a entidade em nota.
MONOTRILHO
No caso do monotrilho, as quatro estações só foram inauguradas graças a uma vistoria do Corpo de Bombeiros feita em cima da hora. Além da vistoria de última hora, a correria para terminar as obras a tempo de Alckmin entregá-las ficou evidente nas falhas de acabamento.
Pisos, corrimões e escadas rolantes ainda estavam cobertos de poeira da obra durante a visita de inauguração. Havia fios e conduítes soltos, e a parte de paisagismo seguia pendente —mudas de árvores estavam nos canteiros sem terem sido plantadas.
ESTREIA
A Companhia do Metropolitano de São Paulo, que gere a rede de metrô, foi fundada em 24 de abril de 1968, sob gestão municipal, para que desse início à construção do sistema de transporte.
Na época, o prefeito era o brigadeiro José Vicente Faria Lima. Mais tarde, em 1978, a empresa passou para o controle do governo do estado.
As obras da linha 1-azul do metrô, a primeira de São Paulo, foram iniciadas meses depois da fundação da companhia. A primeira viagem de trem, por sua vez, foi realizada em 1972, entre as estações Jabaquara e Saúde, na zona sul. O trecho entre as estações Jabaquara e Vila Mariana só foi inaugurado comercialmente dois anos depois, em 1974.
Hoje, o metrô de São Paulo tem cinco linhas, uma delas (4-amarela) sob concessão privada. São 81 km de trilhos, distribuídos em 71 estações.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.