Delegado da PF morre após ser baleado em tentativa de roubo em SP

Agente da PF teve casa invadida no Morumbi e trocou tiros com suspeitos

São Paulo

Um delegado da Polícia Federal morreu após ser baleado durante uma tentativa de assalto na manhã desta segunda-feira (14), no bairro Morumbi, região nobre da zona oeste da capital paulista.

Mauro Sérgio Salles Abdo, 55, foi socorrido e levado ao Hospital Albert Einstein, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com a PM, ao menos dois suspeitos invadiram a casa do agente, localizada na região da avenida Morumbi, por volta das 5h. Eles permaneceram escondidos na garagem da casa aguardando a saída de algum morador.

Ao perceber uma movimentação estranha, Abdo atirou contra os suspeitos. Na troca de tiros, o delegado foi atingido no abdômen e um dos ladrões na perna.

Policiais militares do 16º batalhão fizeram o cerco e conseguiram deter os suspeitos por volta das 7h. A ação contou com o apoio do helicóptero Águia, da corporação.

Um dos suspeitos, Renato Oliveira Pereira, cumpre pena em regime semiaberto na penitenciária de Tremembé (147 km de São Paulo) e tinha sido liberado na sexta-feira (11) para saída temporária, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.

A casa invadida pelos ladrões fica bem ao lado do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e recebeu uma grande leva de policiais militares. Uma das faixas da avenida Morumbi foi bloqueada para o atendimento da ocorrência.

O crime será investigado na 1ª Delegacia do Patrimônio, especializada em ocorrências de roubo e latrocínio, do Deic (Departamento Estadual de Investigações). Segundo o Deic, o suspeito baleado foi medicado e não corre risco de morrer. As armas utilizadas pelos suspeitos foram apreendidas. 

O suspeito Rubens Gomes de Sá passou por audiência de custódia nesta terça (15), quando a juíza Tamara Priscila Tocci converteu sua prisão em flagrante em prisão preventiva (por tempo indeterminado). Já Pereira deve perder o direito de cumprir pena no regime semiaberto, voltando para o fechado.  

Mauro Abdo deixa a mulher e uma filha.

Em nota, a Polícia Federal lamentou a morte de Abdo e disse que o delegado trabalhava na instituição há mais de 32 anos. Ele estava lotado na Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes Previdenciários.

"A Polícia Federal em São Paulo manifesta seu pesar aos familiares, amigos e policiais federais e reafirma que continuará envidando todos esforços para contribuir com a solução deste crime, lutando diariamente pela construção de uma sociedade cada vez mais segura", segundo trecho da nota.

Abdo é o segundo delegado da PF assassinado durante uma tentativa de assalto no país em nove dias. No Maranhão, o delegado Davi Aragão, 36, morreu baleado no dia 5 deste mês após ter a casa invadida por criminosos em São José Ribamar, a 30 km de São Luís. A polícia investiga o caso.

CRIME ORGANIZADO

Em 2004, Abdo chefiava a delegacia de repressão a crimes fazendários. Na ocasião, foi afastado da função para ser investigado por suposto envolvimento com o crime organizado. Segundo a seção de Mato Grosso do Sul do Sindicato dos Policiais Federais, o nome de Abdo foi encontrado em uma agenda do contrabandista chinês Law Kin Chong. A PF foi questionada sobre a situação do delegado, por conta das acusações. Não se manifestou.


Renato Oliveira Pereira, 32 anos, acusado de matar o delegado Mario Sérgio Salles Abdo, cumpria pena de 26 anos, um mês e 27 dias em regime semiaberto na Penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, de Tremembé (147 km de SP). Ele foi condenado por dois roubos.

Pereira perdeu automaticamente o benefício do semiaberto por conta do flagrante, disse a Secretaria da Administração Penitenciária. ​

DEZ MORTOS

Em setembro do ano passado, dez ladrões morreram após uma tentativa de assalto a uma casa na região do Morumbi. Os criminosos faziam parte de uma quadrilha especializada em assaltos a casas de luxo no bairro, segundo informou a Polícia Civil.

Os suspeitos foram abordados por policiais quando saíam de uma residência na rua Pureus. Dentro da casa havia três adultos e uma criança. Os suspeitos morreram durante intensa troca de tiros com policiais.

Nenhum policial morreu no tiroteio, mas quatro acabaram levemente feridos por estilhaços. Policiais do Deic e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) participaram da operação, que usou carros descaracterizados.

Colaborou o Agora

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