Entenda limites, perigos e como ajudar moradores de rua em noite geladas

Decisão entre o relento e a cama de um albergue é do próprio morador de rua

O frio chegou com força à capital paulista na última semana e colocou de prontidão agentes da secretaria de Assistência Social da prefeitura, que tiveram que intensificar as abordagens aos moradores de rua que costumam dormir nas calçadas da cidade. 

Entenda como é feita a abordagem feita por cerca de 600 agentes municipais durante as noites em que os termômetros batem os 13°C. Apesar do trabalho, da abordagem e do convite, a decisão final sobre a remoção do morador de rua para um albergue cabe ao próprio abordado. 

 

 

COMO FUNCIONAM AS ABORDAGENS

Como é feita a abordagem a moradores de rua?
Equipes da prefeitura se dirigem a locais com concentração de moradores de rua para convencê-los a ir para abrigos. Quando há previsão de temperatura abaixo de 13°C, é intensificado o trabalho, feito por cerca de 600 agentes todos os dias das 8h às 22h. Um serviço específico faz as abordagens das 22h às 8h

O morador de rua pode ser obrigado a ir a um abrigo?
Não. Assistentes sociais podem convidá-lo, mas a decisão de dormir em um centro de acolhida da prefeitura é só dele

E se ele estiver com visíveis e graves problemas de saúde e ainda assim se recusar?
Assistentes sociais e de saúde (do Consultório na Rua) da prefeitura devem acionar o Samu, que levará a pessoa a um hospital. Internações involuntárias (determinadas por médicos e parentes quando a pessoa não tem discernimento) e compulsórias (por decisão judicial) são usadas para tratar usuários de drogas e álcool, normalmente em estágio avançado, e não têm relação com o frio

O que é Consultório na Rua?
São equipes formadas por 13 profissionais, incluindo médicos, psicólogos, enfermeiros e agentes de saúde comunitários, que trabalham de forma itinerante para atender a população de rua. Havia uma equipe para cada 80 a 1.000 moradores de rua na capital em 2013, os dados mais atualizados

Como faço para alertar a prefeitura sobre moradores de rua em situação de risco?
Ligue para 156, forneça dados detalhados da pessoa e o endereço onde ela pode ser localizada pelas equipes de abordagem

Há vagas suficientes em abrigos?
Segundo o último censo, divulgado em 2015, havia 15.905 pessoas vivendo nas ruas da capital; hoje estima-se que elas sejam 20 mil. Segundo a prefeitura, a cidade dispõe de 14 mil vagas de acolhimento

Há mais vagas nos dias frios?
Sim. Segundo a administração, na última quinta-feira (17), por exemplo, foram abertos dois abrigos emergenciais com 180 vagas no total e mais 439 vagas em outros serviços. Em dias com frio abaixo de 13°C, os centros de acolhida passam a funcionar por uma hora a mais, das 16h às 9h

O que é preciso para conseguir uma vaga em abrigo?
É necessário ir a um dos endereços até as 17h todos os dias. Em locais mais procurados, a lotação é preenchida bem antes desse horário. Após as 17h, os encaminhamentos são feitos por equipes de abordagem que saem às ruas ou atendem a chamados da central 156. Muitas vezes os próprios moradores de rua ligam para a central e pedem acolhimento

O consumo de bebida alcoólica e drogas ajuda ou atrapalha?
Substâncias entorpecentes podem camuflar a sensação de frio e fome, mas deixam os moradores de rua mais expostos a complicações de saúde já que, por isso, eles deixam de atender a necessidades básicas

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