Paralisação já afeta hospitais, ambulâncias e clínicas de hemodiálise

Diferentes unidades relatam falta de material cirúrgico e alimentos perecíveis

São Paulo e Brasília

A paralisação dos caminhoneiros já afeta hospitais, clínicas, farmácias e o transporte de pacientes em várias regiões do país. As unidades enfrentam desabastecimento de alimentos, remédios, gases medicinais e outros insumos hospitalares.
 
No estado de São Paulo, por exemplo, a Santa Casa de São Carlos e o Hospital Samaritano de Sorocaba cancelaram as cirurgias que estavam marcadas a partir desta sexta. Os estoques de insumos hospitalares serão priorizados para os casos de urgência e emergência.
 
Em Santa Catarina, a Secretaria Estadual da Saúde suspendeu cirurgias eletivas nos 13 hospitais do estado por falta de material cirúrgico. O mesmo ocorre em João Pessoa (PB), São José dos Pinhais (PR) e Juiz de Fora (MG). 

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal também decidiu cancelar exames, consultas e cirurgias agendadas em todas as unidades públicas de saúde de sábado até segunda-feira (28). Com isso, o atendimento ficará restrito a ações de urgência e emergência.

Segundo a secretaria, a situação "pode comprometer os serviços que dependem de transporte, esgotar em poucos dias os estoques de medicamentos, materiais médico-hospitalares e outros insumos nas unidades de saúde".

Alguns hospitais de Minas Gerais, Pará e interior de São Paulo já funcionam com frota reduzida de ambulâncias.
 
O Hospital Albert Einstein (SP) iniciou nesta sexta uma “gestão de crise”. Segundo o presidente Sidney Klajner, já acabaram alguns alimentos perecíveis, sem estoque grande. “O enxoval [roupas, lençóis e toalhas, sob responsabilidade de uma empresa terceirizada] também está em risco próximo.” O estoque de gases medicinais, como oxigênio e óxido nitroso, termina na próxima terça.

Outro setor que já enfrenta problemas são as clínicas e hospitais que atendem doentes renais e agudos, que precisam fazer hemodiálise. O Brasil possui 120 mil pacientes renais, que fazem tratamento semanal.
 
Algumas clínicas de diálise que atendem pacientes do SUS e privados já não têm mais material para fazer o tratamento a partir deste sábado (26). No Rio de Janeiro, por exemplo, algumas unidades já estão sem insumos nesta sexta-feira.
 
 “Por conta da greve, a entrega dos insumos que saem da fábrica em São Paulo está comprometida”, alerta a nefrologista Ana Beatriz Barra, gerente médica da Fresenius, empresa líder de produtos e serviços de diálise.
 
Segundo o médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da Fehoesp (federação dos hospitais clínicas e laboratórios do Estado de São Paulo), a situação dos hospitais está no limite. “Caso a greve persista no fim de semana será o caos. A maioria dos hospitais precisa repor oxigênio entre segunda-feira e terça-feira”, afirma.
 
Nesta sexta, a Fehoesp e o sindicato dos hospitais clínicas e laboratórios do Estado de São Paulo entraram com uma ação ordinária com pedido de liminar na Justiça Federal para garantir o abastecimento de hospitais e serviços de saúde.
 
No documento, as entidades pedem que os grevistas liberem a circulação de caminhões que transportem produtos para estabelecimentos de saúde em todo país. “Quem impede o direito de ir e vir do transporte de produtos para estabelecimentos de saúde está afrontando a Constituição Federal”, diz Ali Mere.
 
A Confederação Nacional de Saúde (CNS) informou, em nota, que estabelecimentos de saúde já sofrem “falta de gás medicinal, material anestésico, medicamentos, insumos para tratamento de água, entre outros produtos vitais para a manutenção dos serviços, bem como para a segurança dos pacientes”.
 
A Copagaz, uma das maiores distribuidoras de gás de cozinha, está conseguindo atravessar rodovias para entregar gás em hospitais sob escolta.
 
Em nota, a empresa diz que os caminhões da companhia têm sido ajudados por viaturas e até helicópteros das polícias Civil e Militar para efetuar as entregas com segurança. A medida tem ocorrido em alguns estados do país, como Pernambuco, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo (algumas cidades do interior do estado) e no Paraná.

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