Descrição de chapéu Obituário Valtencir Feliciano Ribeiro (1957 - 2018)

Mortes: Amava Carnaval e fundou sua escola de samba em Minas

Conhecido como Cici, foi presidente da Vale do Paraibuna, em Juiz de Fora

Thaiza Pauluze
São Paulo

Cici era movido a repique e tamborim. Fissurado em Carnaval, desfilava e coordenava alas, até que decidiu ele mesmo criar uma escola de samba, a Vale do Paraibuna.

O presidente da escola de samba Vale do Paraibuna Valtencir Feliciano Ribeiro, o Cici
O presidente da escola de samba Vale do Paraibuna, Valtencir Feliciano Ribeiro, o Cici - Arquivo Pessoal

Mas se engana quem pensa nas capitais carioca ou paulista, berços tradicionais da festa em fevereiro. Valtencir Feliciano Ribeiro era mineiro, de Juiz de Fora —cidade que não teve desfile este ano por falta de verbas públicas.

A agremiação surgida do bloco de rua Boca Maldita, no entanto, já teve tempos áureos. Em 2006 foi campeã do grupo B com o samba "Omi - Acima de Deus Nada, Abaixo de Deus Água; A Criação do Mundo na Tradição de Yorubá" e chegou ao primeiro escalão do Carnaval juiz-forano.

Só que nos últimos anos, Cici lutava mesmo era para arrumar a quadra —interditada pelos Bombeiros por não ter estrutura adequada, como boa parte das escolas de samba da cidade.

Ostentando seu bigode grosso e a barriga exaltada, ele não desistiu do ritmo e da boemia nem quando toda a família se converteu evangélica e deu adeus à festa mundana.

Cici bateu pé firme. A mulher Regina, com quem era casado há 45 anos, só aparecia para fazer a comida do pessoal durante os ensaios e ajudar na limpeza da quadra. 

Ele, que começou a trabalhar aos 9 como ajudante de leiteiro, foi operário numa fábrica de giz e vendedor num depósito de coco, nunca aprendeu a dirigir —era seu maior sonho. 

Entrou finalmente para a autoescola já sessentão. O exame estava marcado para esta semana. Mas um segundo infarto o impediu de conquistar a CNH. Ele morreu no dia 21 de junho, aos 61. Deixou a mulher, cinco irmãos, cinco filhos, oito netos e as escolas de samba mineiras de luto. 


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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