Descrição de chapéu Obituário Henrique Joaquim Ferreira Cruz (1942 - 2018)

Mortes: Cardiologista fortaleceu amizades por meio do garfo e da bola

Recifense fez carreira tanto na saúde pública quanto em clínica própria

Paulo Gomes
São Paulo

Cardiologista, Henrique Cruz era um defensor tanto do ovo quanto da manteiga na dieta, ainda que os dois já tenham sido considerados vilões para a saúde. A explicação talvez não viesse de ordem médica, mas do paladar —Henrique era um glutão, desses que gostam de receber amigos para refeições.

A comida está também em um dos seus bordões preferidos: "Pão, pão, queijo, queijo", dizia, como que para ilustrar que as coisas precisavam ser tratadas de maneira objetiva. 

Recifense, Henrique seguiu a carreira do pai Domingos, renomado médico de família. Formado, foi aos Estados Unidos especializar-se em cardiologia, especialidade que exerceu até o fim da vida.

Apaixonado pelo Sport Club do Recife, foi um verdadeiro promotor do futebol. Quando voltou dos EUA para morar em um apartamento simples na capital pernambucana, montou uma quadrinha na garagem do prédio em que morava, por conta própria, com traves e tudo.

Comprava camisas e bolas e organizava verdadeiros "campeonatos mundiais" com os filhos e a molecada do prédio.

Mais tarde, ao realizar o sonho de morar numa casa, o fez em um terreno atrás da Ilha do Retiro, o estádio do Sport. E, claro, fez um gramadinho society para as peladas do bairro, com iluminação noturna.

Mantinha o portão aberto a fim de que o campinho recebesse os jogos, para o deleite de moradores do entorno, como os da favela do Coque.

Jogou até os 72, quando as complicações de um câncer de pulmão impediram-no de distribuir seus passes cerebrais.

Como cardiologista, atuou na saúde pública, no hospital Agamenon Magalhães, e em sua clínica no bairro dos Aflitos, práticas que fizeram com que a clientela ao longo da sua vida fosse diversa e fiel.

O coração que acolheu tantos outros deixou de bater no último dia 28, em decorrência do câncer. Aos 76, deixa a mulher Eugênia, com quem foi casado por 52 anos, os filhos Domingos, Henrique e Alexandre, e cinco netos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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