“Minha função é advogar”. Era com essas palavras que Agesandro da Costa Pereira explicava por que deixou o cargo de juiz poucos meses depois de passar pela disputada prova, duas vezes.
Concurso era algo que esse mineiro de Araçuaí não tinha problemas em fazer, e nem em passar. Fosse para ser juiz, procurador ou professor, ele acumulava primeiros lugares, conta a filha Santuzza.
Nascido em uma família de juristas, Agesandro seguiu os passos do pai, do tio e do primo e se formou em direito, iniciando a carreira na cidade de Mantena, em Minas, perto da divisa com o Espírito Santo.
Foi em Vitória, no entanto, que se consolidou profissionalmente. Não quis o cargo de juiz —em Minas ou no Espírito Santo—, mas foi presidente da OAB por nove gestões, procurador-geral da cidade de Vitória e do estado do Espírito Santos, além de professor em universidades, como na Federal do ES.
Por trás da voz calma, era enérgico e cheio de ideias vanguardistas para a época, como a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade de gênero. “Uma visão de mundo quase sonhadora”, diz a filha.
No campo dos direitos humanos, participou de mutirões carcerários, denunciou casos de violência em delegacias e cobrou tratamento mais digno em presídios do país.
Mesmo depois dos 80 anos, continuava ativo, trabalhando. Os poucos momentos de lazer eram destinados à pesca, aos livros —principalmente de filosofia— e à opera italiana. Também não dispensava os almoços com a família, evento sagrado dos sábados.
Parou só na última segunda (28), quando morreu aos 88 anos, após uma pneumonia. Deixa a mulher, Maria das Graças, quatro filhos e sete netos.
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