Descrição de chapéu gay

Parada Gay de SP ocupa a Paulista com festa e recado político

Viúva da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio, participou do evento

Movimentação na 22 edição da Parada do Orgulho LGBTQ, na Avenida Paulista. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) - Folhapress
Paulo Saldaña
São Paulo

Os potentes alto-falantes do trio elétrico que abre a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ligaram o som por volta das 11h30, diante do Masp.

Mas desde 10h a principal via da capital paulista já recebia o público com a descontração que já é uma marca do evento: drags, muito arco-íris e fortões de pouca roupa.

O visível clima de festa não escondeu o tom político da Parada: "Poder para LGBTI+ Nosso Voto, Nossa Voz", é o tema da 22ª edição da Parada de SP, considerada a maior do mundo.

A arquiteta Mônica Tereza Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio, participou da Parada. De cima do trio, Mônica lembrou da atuação de Marielle como mulher negra, lésbica e favelada.

"É importante saber em quem a gente vota. Vir para rua fazer festa e fazer revolução", disse. "O Brasil é um dos países que mais mata a sua população LGBT. Isso aqui é resistência política."

O vereador paulista Gilberto Natalini (PV) e o deputado federal Orlando Silva (PC do B) também falaram ao público, entre palmas e vaias.

"Nosso país está atravessando um momento muito difícil, precisamos resgatar muita coisa", disse a cabeleireira Tânia Vasconcelos, 54, vestida especialmente para a data: maiô, plumas e um chifre de veado.
"E para a preservação da fauna, em todos os sentidos", brincou ela.

"Vamos dar um soco no Congresso Nacional neste ano", disse a drag Tchaka, que assumiu os microfones no início da festa. Em seguida, o público puxou "Fora, Temer".

O prefeito Bruno Covas (PSDB) esteve presente e foi vaiado ao subir no caminhão de abertura da Parada. No ano passado, o ex-prefeito João Doria não compareceu.

Por volta das 19h, o último dos 18 trios chegou ao fim da Consolação. A via ainda ficou tomada de pessoas que acompanhavam a festa. O evento continuou no vale do Anhangabaú, com show do Banana Split Fíakra e Jade Baraldo.

O clima em geral foi de tranquilidade, sem cenas de violência. O que não impediu relatos de furtos de celulares —a reportagem presenciou um caso.

A organização da Parada já previa desde a semana passada uma queda de público como reflexo da paralisação dos caminhoneiros. 

A organização estimou que 3 milhões de pessoas estiveram no local. Em 2012, quando a estimativa deles foi de 4 milhões de presentes, pesquisa Datafolha aferiu a presença de cerca de 270 mil.

Segundo o instituto, 1,5 milhão de pessoas é a lotação máxima do trecho Paulista-Consolação, isso em um cálculo superestimado: com lotação de sete pessoas por metro quadrado, aperto semelhante ao enfrentando no metrô no horário de pico.

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