Concentrada no verão, febre amarela infecta 502 pessoas em SP neste ano

Número de casos cresceu 600%; registro mais recente no estado é de maio

Mulher toma vacina na zona sul de São Paulo
Mulher toma vacina na zona sul de São Paulo - Taba Benedicto/Folhapress
São Paulo

Os casos de febre amarela silvestre contraídos dentro do estado de São Paulo cresceram quase 600% de janeiro a agosto deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, mostra boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde.

Os registros se concentraram no verão —o caso mais recente é de maio.

Segundo a pasta da saúde da gestão Márcio França (PSB), foram 502 casos confirmados nos oito primeiros meses deste ano. Destes, 178 evoluíram para morte.

No ano passado, 74 pessoas contraíram a doença e 38 não sobreviveram às complicações da febre amarela. Todos os registros são autóctones, ou seja, quando a doença é contraída por pessoas que vivem no estado.

Em 2018, a pasta registrou mais 35 confirmações entre pessoas que não eram de São Paulo, mas descobriram estar infectadas pela doença em uma unidade de saúde paulista.

Do total das infecções, 28% delas foram registradas em Mairiporã, cidade da Grande São Paulo que concentra esforços desde o ano passado para fazer a cobertura vacinal de sua população. Outra cidade que apresentou aumento expressivo dos registros é Atibaia (a 65 km da capital paulista), com mais 8,9% de casos confirmados neste ano.

Apesar de o Centro de Vigilância Epidemiológica não ter registrado mais nenhuma nova confirmação de febre amarela em humanos desde a segunda semana de maio, o vírus continua circulando no estado. “Ainda estamos encontrando macacos mortos por febre”, diz Marcos Boulos, infectologista do Centro de Controle de Doenças da pasta da saúde do estado.

Boulos cita três casos confirmados de primatas mortos por febre amarela em Caraguatatuba (litoral de SP) em agosto. Mais seis macacos foram achados mortos na cidade no mesmo mês, mas os resultados dos exames não estão concluídos.

A transmissão da febre amarela para os macacos é feita pelo mosquito haemagogus, comum na mata. Os primatas, apesar de hospedeiros do vírus, não o transmitem à população —quem o faz são os mosquitos Aedes aegypti, após picarem alguém já infectado.

“Se a situação não mudar, a febre amarela pode deixar de ser uma epidemia em São Paulo para ganhar o status de endemia, quando a doença passa a ser registrada por muito tempo em um mesmo local”, explica o infectologista.

VERÃO

Ainda segundo Boulos, o verão será a época mais crítica para o enfrentamento da febre amarela em território paulista. “No inverno, as pessoas não entram na floresta. No verão, a situação é inversa: o turismo aumenta, e o mosquito encontra água e calor, condições propícias para a sua reprodução”, explica.

Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica, 8 milhões de pessoas foram vacinadas em 2018, marca um pouco maior da registrada em todo o ano de 2017, quando 7,4 milhões de pessoas receberam uma dose da vacina. “É lei: o único jeito de não contrair a doença é se vacinar”, diz Boulos.

Pessoas com HIV, em tratamento por quimioterapia, transplantados, hemofílicos ou com doenças de sangue devem procurar o médico sobre a necessidade da vacina. Grávidas, mulheres que estão amamentando crianças com até seis meses e em tratamento quimioterápico não devem tomar a vacina.

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