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Idosos acrobatas no interior de São Paulo terão história contada em filme

Documentário sobre grupo Superidosos, criado há 14 anos, será lançado em 2019

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São José do Rio Preto

“Eu só queria ficar em casa, deitada no sofá, chorando. Por causa da depressão, não tinha vontade de fazer nada”. É assim que a aposentada Rosemary Hurtado, 60, diz como se sentia depois que o filho se casou e ela passou a morar sozinha.

Maria de Lourdes Zampieri, 70, também aposentada, dizia não se sentir uma pessoa feliz por ficar em casa apenas “cuidando do marido”. “Não saía, não via gente, não tinha vida."

De uma rotina sem grandes sobressaltos, Rosemary e Maria se tornaram acrobatas. Elas compõem uma equipe de 14 pessoas, três deles homens, com idades de 60 a 80 anos, que pratica dança e arte circense.

A história dos Superidosos, grupo criado há 14 anos em Mirassolândia (a 469 km de São Paulo), cidade com pouco mais de 4.000 habitantes, é tema de documentário a ser lançado no ano que vem.

As mulheres se revezam entre passos de dança no solo e se equilibram e caminham sobre uma vara sustentada por dois dos companheiros. Também sobem no ombro do companheiro e se equilibram, formando uma pirâmide humana.

“No início eles tinham um pouco de receio de fazer alguns movimentos e se machucar. Hoje eu preciso contê-los porque querem fazer de tudo”, diz o educador físico Fagner Rodrigues, coordenador do projeto criado pela prefeitura da cidade.

Maria de Lourdes é uma das integrantes mais antigas do projeto. Há 11 anos no grupo, a aposentada teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral), em fevereiro deste ano, e contrariou o diagnóstico médico de que não poderia mais dançar.

“Os médicos chamaram a minha filha e disseram que eu poderia não sobreviver, e, caso continuasse viva, teria que viver em repouso. Dois meses depois eu já estava dançando”, lembra a aposentada.

O grupo se reúne duas vezes por semana para ensaiar. São duas horas de treinos a cada dia. Eles participam de campeonatos de dança e festivais, além de se apresentar gratuitamente em shoppings, teatros e praças de cidades da região, até em São Paulo, capital.

“Sempre que somos convidados, vamos. É uma delícia viajar. A gente conhece lugares e pessoas diferentes. Ocupa a cabeça e ainda fazemos exercícios”, diz o policial militar aposentado Antônio Cícero Paredes, 73, há cinco no grupo.

Com fibromialgia (síndrome que causa dores pelo corpo e não tem cura), a aposentada Rosemary não perde um ensaio. Há oito anos no grupo ela superou uma depressão depois que começou a dançar. “Com dor ou sem dor, eu vou na aula. Se ficar em casa vai doer do mesmo jeito, pelo menos lá eu me divirto com meus amigos”.  

Agora, o grupo vai virar documentário. Produzido pelo cineasta Alexandre Estevanato, o longa-metragem está em fase final de filmagem e começou a ser editado. O lançamento será no primeiro bimestre de 2019. 

“Os próprios idosos são os atores. A ideia é mostrar o trabalho deles para um número maior de pessoas”, diz o cineasta. Para a produção do documentário o cineasta contou com o patrocínio de empresas privadas.


 

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