Descrição de chapéu Obituário Aldino Lucas Gaudêncio (1928 - 2018)

Mortes: Vereador de Campina Grande, não dispensava rede e cigarro

De família tradicional, herdou a profissão do pai advogado e político

Thaiza Pauluze
São Paulo

Se tivesse uma rede, um jornal e um cigarro, Aldino estava bem. Mais ainda se fosse em São João do Cariri, terra em que nasceu, na Paraíba, ou na vizinha Campina Grande, onde cresceu e com a qual tinha especial ligação.

 Vereador de Campina Grande, Aldino não dispensava rede e cigarro
Vereador de Campina Grande, Aldino não dispensava rede e cigarro - Arquivo Pessoal

Criado na fazenda, quando criança só parava de chorar se a mãe lhe desse mel de uruçu, seu tipo de abelha preferido. De família tradicional, herdou a profissão do pai advogado e deputado. Formou-se muito jovem, aos 21, no Recife —à época, não havia graduação em direito na Paraíba. Logo foi também ser político. Dos cinco irmãos apenas um seguiu caminho diferente e se tornou médico.

Aldino era chamado de advogado dos pobres, por defender uns tantos sem cobrar. Mas ele gostava mesmo era de selar acordos, alianças —basilar numa região então dividida entre duas famílias, onde saía até tiro no calor das disputas políticas.

A imposição de ser forte, num Nordeste de cabra macho, não tirou a doçura de Aldino, diz a filha Giovanna. "Era um homem de elogios fartos. Para ele, não tinha mulher feia, mulher triste." Mesmo nos piores dias, ela ouvira do pai: "Filha, você está tão linda" e ganhara um beijo na mão. Outras também recebiam o galanteio, que lhe garantiu a fama de conquistador, dado a paixões intensas.

Vereador por dois mandatos na Câmara campinense, que chegou a presidir, Aldino terminou a carreira como defensor público. 

Viajou muito a negócio, para Brasília, São Paulo, Rio, mas gostava mesmo era do verão em João Pessoa. De chutar umbu, o fruto do umbuzeiro que dá na caatinga, e de reunir os amigos para comer uma galinha de capoeira, tomar vinho e ouvir tango ou bolero.

Aldino parou de fumar aos 80 anos. Quando completou 90, deu uma festança daquelas. Parecia saber que seria a última. Duas semanas depois, passou mal e morreu, no dia 8 de setembro, de insuficiência respiratória e cardíaca. Deixou um irmão, três filhos, sete netos e cinco bisnetos. 


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