Nas arquibancadas do Canindé, o primeiro a puxar os versos “a Portuguesa é o time da virada”, no meio da bateria da Leões da Fabulosa, era Rodrigo Hubert, o Garba. Era ele quem cantava durante o jogo inteiro, carregava as faixas e bandeiras e não deixava ninguém parar.
“Quantas e quantas vezes vi o Garba dando bronca na torcida por estarem cabisbaixos ou estarem desanimados? Ele era um cara que fazia da arquibancada, sua vida”, diz o amigo Luiz Henrique.
E assim era há mais de 20 anos, desde que Rodrigo contou para a mãe que tinha achado interessante a torcida que viam no estádio e queria fazer parte dela. Mesmo com um problema de audição, ele logo aprendeu a tocar percussão junto ao grupo. Ir aos jogos da Lusa virou religião.
“Era uma loucura, ele ia no sábado, voltava no domingo. Tinha amizade com todas as torcidas. Era um menino muito bom, não gostava de brigas”, conta a mãe Elaine, de quem ele herdou a sina de ser torcedor da rubro-verde.
Quando Rodrigo nasceu, no entorno do Canindé, ela já era sócia da Portuguesa. Mesmo depois que a família se mudou, ele nunca deixou o lugar onde estavam os amigos e seu time.
No coração dele, a Lusa só dividia espaço com a escola de samba Colorado do Brás, onde também fazia parte da bateria. A maior alegria do seu 2018 foi a notícia de que a agremiação estará no grupo especial no ano que vem.
Além de se dedicar às batidas, Rodrigo também ensinava percussão, não faltando nem nos dias em que se sentia mais fraco, pelo quadro de insuficiência renal.
Na noite de 2 de dezembro, Rodrigo morreu aos 35 anos, depois de sofrer um infarto fulminante. Ele estava em casa. Segundo a mãe, contando os dias para o Carnaval chegar.
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