Polícia do DF investiga homem que segurou criança para que filho a agredisse

Cena envolvendo garoto de 6 anos foi gravada por câmera em condomínio de Brasília

Brasília

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga um casal após a agressão a um menino de 6 anos que jogava futebol com seu filho.

As cenas foram gravadas pelo circuito interno de um condomínio na Área Octogonal Sul, em Brasília. 

As imagens são das 17h25 de domingo (9) e mostram que o filho do casal, da mesma faixa etária, sofre uma queda após tentar tirar a bola da vítima. Ele cai e bate com a boca no chão. Em seguida, é levado por um adolescente ao pai.

Polícia do DF investiga homem que segurou criança para que filho o agredisse
Polícia do DF investiga homem que segurou criança para que filho o agredisse - reprodução

O homem volta gesticulando e segura os braços do menino de 6 anos para trás, ao que o filho lhe dá um soco. Na sequência, a mãe chega e empurra a vítima, que cai no chão.

Além das cenas gravadas, várias pessoas testemunharam as agressões. O caso foi revelado pelo site G1 nesta quarta (12).

O casal foi identificado como um homem de 30 anos e uma mulher de 31 anos.

O caso foi levado por uma tia do menino agredido à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Brasília na terça-feira (11), após obter as imagens.

Na mesma data, a vítima foi submetida a exame de corpo de delito.

O casal é investigado por lesão corporal, cuja pena inicial prevista é de três meses a um ano de reclusão, mas pode ser acrescida em um terço porque a vítima é uma criança.

“As imagens são bem contundentes”, disse a delegada responsável pelo caso, Patrícia Bozolan, nesta quinta (13). Ela explicou que há a hipótese de, ao fim das apurações, o pai ser indiciado por ameaça, pois ele teria perguntado ao menor agredido se “vai bater mais” e dito que a questão “não vai ficar assim”.

Também há a suspeita de constrangimento de menor, pois teria partido do pai a ordem para que o filho batesse na outra criança. Segundo a delegada, antes de obedecer ao comando e dar o soco, o menino teria hesitado.

Nos próximos dias, as testemunhas do episódio serão ouvidas. “As adolescentes que estavam no local disseram que o menino não queria bater no meu sobrinho, que ele obrigou”, disse a tia da vítima à Folha.

O garoto agredido mora na Bahia e viajou a Brasília com os pais para participar do aniversário de um primo e da formatura de outro. “Ele está triste, não quer falar no assunto e não desce mais para brincar lá embaixo”, afirmou a tia. Ela explica que os pais do menino vão buscar um acompanhamento psicológico para ele. 

Na mesma quadra, mora o avô da outra criança. A tia da vítima, que é servidora pública, diz que, no domingo, chegou alguns minutos após o episódio no local e foi conversar com o casal.

“Eles não tiveram paciência. Disseram que meu sobrinho não tinha educação e que eu deveria dar educação ao meu sobrinho”, contou.

A previsão da Polícia Civil é de que o inquérito seja concluído em dez dias, quando será enviado ao Ministério Público para eventual denúncia contra o casal. 

A delegada Bozolan diz que o caso foge à normalidade. Em geral, explica, há muitos registros de pais que tentam resolver os conflitos dos filhos, mas por meio de agressões verbais – o que pode configurar ameaça e constrangimento, mas não lesão corporal.

Ela explica que não é com a criança que os pais devem buscar a solução de eventuais desavenças, mas com os seus responsáveis, de forma pacífica. A Folha não conseguiu contato com os dois investigados e nem com seus representantes.

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