Quando Renato tinha seis anos, sua mãe decidiu deixar o lugarejo em que moravam, na serra do Ibitipoca, no interior de Minas Gerais, e ir com os sete filhos para uma cidadezinha mineira maior. Ela queria que os filhos tivessem acesso a uma boa formação. Conseguiu que todos tivessem titulações: médico, dentista, engenheiro civil.
Renato virou técnico agrícola e engenheiro agrimensor pela Universidade Federal de Viçosa. Não se limitava, porém, às medições e mapas topográficos. Era de experimentar tudo um pouco.
Flanava entre as lavouras de café e a fotografia —registrava do vento aos ninhos de pássaros, desde que a mulher, Marlene, deu a ele a primeira máquina, “aquela Xeretinha, do tamanho de um dedo”, conta ela.
Grande fã de arte moderna, também pintava quadros, leitor voraz, escrevia poemas. A verve artística de Renato inspirou dois dos três filhos: Isis é fotógrafa e Allen, palhaço e malabarista. A devoção de Renato pela natureza deu o ofício ao terceiro: Eden é sargento da polícia ambiental.
Na cozinha, o engenheiro era de provar novos sabores, desde peixe com açúcar até refogar numa só panela o que de mais colorido tivesse em casa — da cenoura e beterraba à maçã. O campeão da mesa, porém, era o típico frango com quiabo.
Na fazenda da família, em Canaã (MG), ele chegava toda semana cheio de linguiça e repetia o ritual: jogava elas no varal e ia colocando na chapa, depois comia com pão e pinga.
Devoto de Nossa Senhora de Fátima e bastante católico, Renato chegou a coordenar cursos de batismo e o movimento do cursilho de cristandade. Sonhava em ir para Israel, pisar na terra sagrada.
Chegou até olhar os valores, mas, no dia 17 de dezembro, teve um mal súbito, numa visita aos irmãos, em Juiz de Fora. Aos 62 anos, ele deixou a mulher, Marlene, os três filhos, dois netos e cinco irmãos.
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