Em 1955, Juan Domingo Perón estava em seu segundo mandato como presidente da Argentina, quando a “Revolução Libertadora” o tirou do poder. Instalada uma ditadura, seu nome foi proibido no país. Em um ato de transgressão, um ano depois, o casal Juan e Marta decidiu batizar a terceira filha de Eva. Como a primeira-dama, morta quatro anos antes.
O nome, o ativismo e a militância marcariam a vida de Eva Piwowarski. Nascida em General San Martín, cidade industrial nos arredores de Buenos Aires, na adolescência, ela era líder da união dos estudantes secundaristas. Aos 19, quando outra ditadura estava em curso, escapou de estar com um grupo de amigos que desapareceu.
O episódio fez com que Eva se escondesse no interior do país, deixasse o nome e a faculdade. Ela virou auto-didata, lendo e estudando por conta, se interessou pelo teatro. Em 1986, já com um filho, se inscreveu no curso do diretor Gerardo Vallejo. E ele virou seu segundo marido e pai de suas duas filhas.
Foi o início da carreira de Eva como assistente de cinema dele e produtora. Apaixonada pelos filmes da América do Sul, ela descobriu que gostava mais do trabalho atrás das câmeras e transformou isso em causa de vida.
Criou uma mostra de filmes chamada Amerigramas, trabalhou com festivais e com projetos de apoio a produções independentes, e fundou um departamento dentro do Mercosul para apoiar as produções do bloco.
“Eva era uma mulher apaixonada, inteligente, comprometida. Tinha uma vocação política muito clara e era uma vocação de serviço a comunidade, e seu lugar de trabalho nisso era o cinema”, diz seu companheiro Daniel González.
Desde 2014, ela era parte da curadoria do Festival de Cinema de Gramado. No dia 7 de janeiro, morreu em decorrência de um câncer de intestino, aos 62 anos. Deixou os três filhos, um neto, Daniel e o projeto de um filme sobre as ideias do Papa Francisco, seu conterrâneo.
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