Aos 8 anos, Braz sentava do lado de fora da empresa de lenha do pai e ficava desenhando com pedaços de carvão. Aos 16, ele já era professor de artes na cidade. Aos 17, ganhou uma bolsa de estudos no Museu de Artes de São Paulo e se tornou aluno de Cândido Portinari.
Olinda, com quem foi casado por 64 anos, diz que o marido nasceu artista. E era versátil. Quando sentava-se no seu ateliê, ele pintava todos os estilos, de natureza morta, paisagem e abstrato ao impressionismo.
Em 1968, foi convidado a expor na Galeria da Folha. Fez retratos de vários governadores de São Paulo durante os anos e teve 150 exposições pelo país. Apesar de viajar pelo trabalho, porém, sua base sempre foi Marília.
Ele foi a 12ª pessoa registrada na cidade, em 20 de junho de 1929, e ali fez sua vida. Foi professor de escola municipal, teve um ateliê dentro da Unesp por mais de 40 anos, desenvolveu um centro de artes, se aventurou em esculturas e escreveu poesias.
Foi ali também que conheceu Olinda, enquanto almoçava na casa de um amigo. Ela era empregada doméstica na casa e ele ainda estava estudando em São Paulo. Os dois se casaram em 1953. Tiveram dois filhos, Adilson e Ruth, que seguiram os passos do pai nas artes.
Olinda virou companheira, era a primeira a ver os trabalhos de Braz e a crítica mais sincera que ele poderia encontrar. Depois de o conhecer, ela passou a estudar arte para entender melhor como avaliar o que o marido fazia. “A gente se amava muito e viveu muito bem, graças a Deus. Todo dia ele dizia ‘te amo’, deixava bilhetinho”, conta a esposa.
Seguiram juntos até o dia 16 de janeiro, quando Braz morreu em decorrência de um AVC, aos 89 anos. Deixou Olinda, os filhos, três netos e várias telas mostrando a cidade que amava.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.