Descrição de chapéu Obituário Aristeu Moreira (1949 - 2019)

Mortes: Jornalista, entrou na profissão para contar histórias para o pai

Moreira passou por grandes redações e viu de perto o movimento dos metalúrgicos do ABC

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São Paulo

Um dia, Fabrício decidiu perguntar ao pai, Aristeu, por que ele decidiu ser jornalista. O filho tinha decidido seguir a mesma profissão. “Ele contou que, quando era criança, via o pai voltando da feira, com as compras embrulhadas em um jornal, e que ficava olhando as figuras para entender o que dizia. Meu avô não sabia ler direito. Então, ele disse que quis virar jornalista para explicar para o pai o que dizia ali”, conta. 

Nascido em Cedro, no Ceará, Aristeu migrou com a família para o interior do então Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, em Glória de Dourados, ainda criança. Os pais seguiram para o oeste atrás de trabalho nas lavouras que começavam por lá. Depois do 5º ano do ensino fundamental, o menino foi seguir estudos na capital, Campo Grande. E, no início dos anos 1970, mudou para São Paulo para cumprir o sonho de criança. 

Aristeu arrumou um emprego, fez vestibular e começou a pagar a mensalidade da Faculdade Cásper Libero. Depois de formado, foi trabalhar na Agência Folha; em seguida, passou para o Jornal do Brasil, onde cobriu os movimentos que pediam abertura política no Brasil. Passou ainda pelo O Globo e pelo O Estado de S. Paulo. 

Como repórter, ele acompanhou de perto as greves de metalúrgicos do ABC, na virada da década de 1970 para 1980. Dois de seus irmãos trabalhavam nas fábricas da região, e ele conheceu o líder do movimento, Luiz Inácio Lula da Silva. Nos anos 2000, já com Lula na presidência, Aristeu ocupou durante anos o posto de assessor do então ministro José Dirceu. 

Ainda estudante, Aristeu foi visitar os pais no interior de MS e conheceu Luzia. Os pais dela também haviam deixado a Paraíba atrás de trabalho. Depois de sete anos de namoro à distância, os dois se casaram em 1980 e ficaram juntos por 23 anos. 

Aristeu morreu no dia 8 de janeiro, por uma parada cardiorrespiratória, aos 69 anos. Deixou a ex-mulher, de quem sempre foi amigo, três filhos e uma neta. Ele tinha um trato com o amigo José Luiz Teixeira, também jornalista: quando um dos dois morresse, aquele que ficasse teria que enviar a história do amigo para um obituário. 


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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O nome do jornal O Estado de S. Paulo foi publicado com erro em versão anterior deste texto, que foi corrigido.

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