O antológico show da banda Queen no estádio do Morumbi, em 1981, foi apenas um dos que o fotógrafo Edgar Franz, conhecido como Bolívia Rock, registrou com sua câmera Kodak Retina. Ao longo das décadas seguintes, outras bandas roqueiras foram retratadas pelas lentes do boliviano de La Paz, paulistano de coração.
Integrantes do Van Halen entraram em contato para pedir fotos que ele fez no ginásio Ibirapuera, em 1983, e hoje estão no site do grupo com sua marca registrada: Bolívia Rock.
“Queen e Van Halen eram as duas bandas do coração, ele realizou um sonho. No Van Halen tinha 17 anos. Falava que era a melhor banda do mundo. Viu shows do Queen nos anos 1980, incluindo no Rock in Rio”, afirma a gerente administrativo e fotógrafa Cátia Rocha, 46, mulher e alma gêmea de Bolívia nos últimos 12 anos.
Assim, Bolívia Rock, que chegou em São Paulo aos 8 anos, virou figurinha carimbada em shows. A lista é grande: Kiss, Deep Purple, Joan Baez e Robert Plant. Nacionais, fotografou a nata do rock: Made in Brazil, Tutti Frutti, Casa das Máquinas, Golpe de Estado e outros.
Cátia lembra ainda do orgulho que Bolívia tinha de ter presenciado o início da carreira de Cazuza, no Barão Vermelho. “Ele via shows sentado na beira do palco.” O último show foi da banda Patrulha do Espaço em novembro do ano passado, quando ele mal podia caminhar, por conta do câncer de pulmão. Mesmo em tratamento, ele manteve as longas madeixas pretas, sua característica das mais antigas e mais marcantes.
No dia 22 de janeiro, um dia depois de completar 62 anos, Bolívia morreu em decorrência da doença. Ele deixa a mulher Cátia, o filho Rafael Franz, 17, e uma legião de amigos do rock. Em sua coroa de flores, no velório da Penha (zona leste), a frase clássica da canção do Made in Brazil, que era seu mantra: “a minha vida é o rock'n'roll”.
Cátia pretende manter os planos de lançar um livro de fotos do marido e seguir com o programa de rádio SP Rock, que eles faziam juntos.
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