Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro diz que havia 'agentes de segurança' entre médicos cubanos no Brasil

Presidente disse ser preciso ter autoridade com estudantes e defendeu maioridade aos 16

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São Paulo

Em entrevista ao Brasil Urgente, da Band, nesta quarta-feira (27), o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que havia “agentes de segurança” entre os médicos cubanos que participavam do programa Mais Médicos do governo federal.

A declaração ocorreu quando Bolsonaro defendia a ditadura chilena de Augusto Pinochet (1974-1990) —ele acaba de voltar do Chile, aonde foi se encontrar com outros presidentes latino-americanos, e teve suas declarações sobre o período da repressão criticadas por parlamentares do país vizinho e pelo próprio presidente, Sebastián Piñera.

“Tinham 30 mil cubanos lá dentro [do Chile, antes da ditadura], os cubanos faziam a segurança do [presidente deposto] Allende, como faziam a segurança do [venezuelano Hugo] Chávez e fazem atualmente do [ditador Nicolás] Maduro. Essa verdade tem que botar à tona para o povo decidir. E nós devemos olhar isso. Você pode ver, eu nem assumi e os [médicos] cubanos foram embora [do Brasil]. Parte deles eram agentes de segurança”, disse, sem explicar a suspeita.

Na sequência, Bolsonaro criticou a participação cubana no programa federal de saúde pública. “A gente estava mandando R$ 1,2 bilhão para a ditadura cubana. O cara estava aqui recebendo 25% do salário dele. Não podia trazer a família para cá. Tinha cubanas que tinham três, quatro filhos pequenos em Cuba e não podia trazer os filhos para cá.”

Em novembro, o Ministério da Saúde Pública de Cuba decidiu interromper a participação do país no Mais Médicos. Na ocasião, o Brasil pagava um salário de R$ 11.865,60, e os cubanos recebiam R$ 3.000 —o governo cubano ficava com a maior parte.

O presidente também falou sobre a crise no Ministério da Educação, com o ministro Vélez Rodríguez. “Vamos ter mais uma conversa na minha volta de Israel com o atual ministro e vamos ter que decidir a questão da educação. Porque realmente não está dando certo as questões lá.”

Bolsonaro afirmou que é preciso “ter poder de comando, exercer autoridade” com os estudantes e chamou o ministério de aparelhado. “O que a gente quer no MEC? A gente quer que a garotada, no ensino fundamental, aprenda física, química, matemática, biologia. Agora você tem que ter poder de comando, tem que exercer autoridade e indicar pessoas corretas para que isso chegue no final da linha. Estamos tendo problema no tocante.”

O governo trabalha para pautar no Senado, segundo o presidente, um projeto de redução da maioridade penal que já foi aprovado na Câmara e baixa de 18 para 16 anos a pena de alguns crimes.

“Estamos fazendo gestões para que o Senado vote, nós já aprovamos na Câmara, a redução da maioridade penal. Não é aquela que eu queria, porque é para alguns tipos de crime, sequestro, estupro, homicídio, tráfico internacional de drogas. Aí o moleque de 16 anos de idade vai responder como se adulto fosse", disse o presidente. 

"Eu queria que todo mundo respondesse como se adulto fosse. Não é possível? Estamos tentando junto ao Senado isso aí”, concluiu.

Na mesma entrevista, o presidente afirmou que não houve ditadura no Brasil e que, assim como um casamento, todo regime tem alguns "probleminhas".

"Temos de conhecer a verdade. Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo?", disse.

Bolsonaro minimizou o que ele próprio chamou de "probleminhas" ao longo do regime que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985.

"Agora, entre os probleminhas que nós tivemos, e que outros países tiveram, olha aí a Veenzuela a que ponto chegou? Se esse pessoal que no passado tentou chegar ao poder usando as armas [se referindo a grupos de esquerda] e que hoje em dia grande parte tá preso ou sendo processado por corrupção as mais variadas possíveis, como estaria o Brasil?"

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou que o processo de entrega do poder pelos militares para os civis é um exemplo da inexistência de uma ditadura no Brasil pelo governo militar.

"E onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura".

Na última segunda-feira, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que  Bolsonaro determinou ao Ministério da Defesa que sejam feitas comemorações em unidades militares em referência a 31 de março de 1964, data que marca o golpe que deu início à ditadura militar no Brasil.

Nesta quarta, a juíza federal Irani Silva da Luz, da 6ª Vara Cível em Brasília, deu cinco dias de prazo para que a União e o presidente Bolsonaro se manifestem sobre ação que tenta proibir quartéis, em caráter liminar, de festejar o aniversário de 55 anos do golpe militar.

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