Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Justiça aceita denúncia contra os dois acusados de matar Marielle Franco

Policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz se tornaram réus e responderão por homicídio

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Rio de Janeiro

A Justiça do Rio aceitou a denúncia contra o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, acusados de matar a vereadora Marielle Franco em março do ano passado. Com isso, os dois se tornaram réus e responderão por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima).

Os suspeitos estão presos desde terça-feira (12) na Delegacia de Homicídios, com a deflagração da operação Lume, e levados para a DH (Delegacia de Homicídios), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Na decisão, o juiz Gustavo Kalil, do 4° Tribunal do Júri do Rio, autorizou em caráter urgente e liminar a transferência dos acusados para estabelecimento penal federal de segurança máxima, a ser indicado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional). 

Nesta sexta (15), os acusados deixaram a DH e foram levados ao presídio de Bangu 1, para serem realocados, posteriormente, no presídio federal escolhido.


O juiz entendeu que a transferência é necessária para a garantia da segurança pública do Estado do Rio, evitando o cometimento de novos crimes, já que, de acordo com o Ministério Público, os acusados teriam ligações com uma milícia composta por policiais militares da ativa.

Os dois também responderão por tentativa de homicídio contra a assessora que sobreviveu e por crime de receptação.

A Justiça determinou, ainda, o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis dos acusados, com o objetivo de ressarcir as vítimas. Segundo a denúncia, Lessa seria proprietário de diversas armas e dois automóveis, um deles no valor de R$ 150 mil. Seu local de residência, um condomínio na praia da Barra da Tijuca, zona oeste, seria incompatível com sua renda como policial militar reformado.

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou, também, um depósito em dinheiro na conta de Lessa, na boca do caixa, no valor de R$ 100 mil, em outubro do ano passado. Segundo a Polícia Civil, o depósito foi realizado por ele próprio.

Chamados a depor em janeiro deste ano, Lessa e Queiroz, de acordo com a denúncia, se encontraram pouco antes em um restaurante para combinar as versões e dificultar as investigações.

Nesta sexta (15), os acusados decidiram permanecer em silêncio em depoimento à polícia. Eles falarão apenas em juízo.

DENÚNCIA ANÔNIMA

A Polícia Civil começou a investigar Ronnie Lessa depois do recebimento de uma denúncia anônima em outubro de 2018. De acordo com esta denúncia, o assassinato de Marielle teria sido encomendado por R$ 200 mil.

Segundo a investigação, Lessa fazia, desde 2017, uma série de pesquisas direcionados a políticos e partidos da esquerda, como "morte ao PSOL", "morte de Marcelo Freixo", "Marcelo Freixo enforcado", "Lula enforcado" e "Dilma Rousseff morta".

A partir de fevereiro de 2018, o policial reformado iniciou buscas para identificar parlamentares que votaram contra a intervenção federal no Rio. Marielle era relatora de comissão instalada na Câmara para acompanhar a intervenção, a qual criticava publicamente em seus discursos.

A próxima fase da investigação terá como objetivo apontar possíveis mandantes e motivações para o crime, que completou um ano nesta quinta-feira (14). 

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