Quando Renata passava em uma lombada em alta velocidade, o marido Décio dizia: “Oh, Nata! Tenho que te dar um ‘jipão’, um carro de aço!”. Essa é uma das principais lembranças que os netos guardam da avó.
Ativa, a paulistana gostava de passear e sempre tinha um programa para fazer. O marido dizia que, se acontecesse um incêndio, seria a primeira a escapar: era tão passeadora que não estaria dentro de casa, estaria na rua. Sabia viver a vida de forma leve e, quando necessário, virar a página.
O Natal era a época para reunir a família extensa no Alto de Pinheiros, e ela fazia questão de dar presente para todos. Em sua casa, os netos e bisnetos, que viviam debaixo de sua asa, podiam tudo.
Renata era apaixonada por jardinagem e gostava de um bom carteado. Participava ativamente do Clube Paulista de Jardinagem e não deixava de jogar paciência e freeCell —tanto com cartas quanto no tablet.
A sensibilidade com o próximo era mais um de seus dons. Fez trabalho voluntário na década de 1950 na Biblioteca Mário de Andrade, adaptando livros para o sistema braille.
Era uma tarefa meticulosa e artesanal. “Ela pegava uma pequena tábua com furinhos e ia refazendo os livros aos poucos”, lembra a filha Alice.
Tomar banho de mar e curtir um copo de caipirinha era um dos programas favoritos.
Com o avanço da idade, teve que parar de dirigir —o que não foi uma boa novidade para ela.
Em dezembro passado, após uma queda, Renata teve que ficar na cadeira de rodas. Mesmo assim, aproveitou o Réveillon na beira da praia com a família.
Morreu aos 94, após uma uma infecção bacteriana, em 22 de fevereiro. Deixou quatro filhos, Renata, Décio, Wilma e Alice, 8 netos e 16 bisnetos.
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