O Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresas vinculadas ao governo João Doria (PSDB), contrataram um pente-fino financeiro para avaliar fraudes no sistema do Bilhete Único, controlado pela Prefeitura de São Paulo.
O sistema do Bilhete Único gere grande parte da receita do Metrô e da CPTM. A Prefeitura é responsável pela criação e implementação dos mecanismos antifraude no sistema informatizado. Ela diz já apurar internamente diferentes formas de combate a fraudes no sistema.
A consultora Ernst & Young foi contratada no último dia 16 pelo Metrô para identificar eventuais perdas da companhia paulista com o sistema de bilhetagem nos últimos cinco anos.
Em nota, o Metrô disse que a auditoria visa apurar se possíveis fraudes estão causando evasão de renda destinada às empresas operadoras de transporte e de que maneira isso pode estar acontecendo.
O balanço anual do Metrô de 2018 mostrou uma diminuição de receita de R$ 160 milhões na venda de créditos do Bilhete Único. Segundo o Metrô, essa perda motivou a busca por fraudes.
O Metrô não explicou que tipo de fraudes podem estar minando a receita da empresa, disse apenas que é responsabilidade da prefeitura combater possíveis fraudes de terceiros. Segundo o Metrô, apenas uma auditoria poderia identificar a causa e o tamanho do problema, caso ele se confirme.
Enquanto a auditoria é feita, o Metrô e a CPTM notificaram a SPtrans (braço da prefeitura que gere os ônibus da cidade e também o Bilhete Único) a prestar esclarecimentos sobre a remuneração do sistema. A informação foi publicada no site Diário do Transporte.
A notificação é extrajudicial, ou seja, não é um processo formal na Justiça. O Metrô alega ter perdido vultosos valores. Diz ainda que há tempos trata sobre a ocorrência de fraudes com a SPTrans, mas que há demora em solucionar o problema por parte da prefeitura.
Já a CPTM diz ter constatado diversos riscos no controle de informações do sistema de remuneração do Bilhete Único.
Com as notificações extrajudiciais, a CPTM e o Metrô visam garantir o ressarcimento das eventuais perdas identificadas no prazo de cinco anos.
A SPTrans respondeu em nota que rebaterá os argumentos da CPTM e que eles não condizem com a realidade do Bilhete Único.
A SPTrans diz ainda que, nos últimos meses, tem instituído medidas que visam o combate às fraudes. Entre elas estão o reconhecimento facial por meio de câmeras instaladas em todos os ônibus da cidade, identificação de cartões com divergência entre recargas e utilizações, cancelamento de cartões com créditos temporais falsos e o fim do emissão de bilhetes sem identificação.
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