Em 1947, Hiroshi Fukumoto, conhecido como Luiz, ajudou o pai a limpar um terreno em Apucarana, no Paraná. A presença de uma fonte de água no local foi decisiva para que a família escolhesse aquele ponto para construir sua casa e uma horta.
Com o tempo, o progresso chegou a Apucarana, apesar da destruição de parte das nascentes de água.
No terreno dos Fukumoto, porém, a água não só resistia, como era abundante, vertia por baixo do assoalho da casa. A umidade chegou a deteriorar a estrutura de madeira, e a família teve de construir outra morada maior, de alvenaria, no mesmo terreno.
Luiz assumiu o cuidado da casa e da nascente quando seu pai, Usita, morreu.
Todos os dias, Luiz ia até a fonte no meio do quintal e retirava o mato, mantinha as plantas aquáticas, e cuidava para que a terra não soterrasse a nascente. Essa foi sua tarefa por mais de 60 anos.
Luiz não sabia para onde aquela água ia, depois de se perder no matagal e sair do terreno da família.
Um dia, quando já idoso, Luiz foi avisado de que sua nascente ganhava corpo mais adiante e virava rio. O rio Pirapó é responsável pelo abastecimento de cerca de 80% de Maringá, terceira maior cidade do Paraná.
Quando descobriu, Luiz ficou contente, se sentiu recompensado. A importância de seu zelo com a nascente fez com que ele virasse alvo de uma reportagem na Folha, em 2018.
Meses depois, recebeu o Brasão de Maringá, uma honraria concedida pelos vereadores da cidade, como reconhecimento pelo trabalho.
Após descobrir um câncer, Luiz morreu no último domingo (19). Deixa três filhos e três irmãos.
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