Casal é preso suspeito de manter mulher em cárcere privado por 20 anos no interior de SP

Polícia diz que vítima de 63 anos era obrigada a cuidar de senhora de 88; ela vivia confinada em dois cômodos

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Campinas (SP)

​A Polícia Civil de Vinhedo (80 km de São Paulo) prendeu na madrugada desta terça-feira (25) o casal Écio Pilli Junior, 47, e Marina Okido, 65, suspeito de manterem uma mulher de 63 anos em cárcere privado e situação análoga à escravidão por ao menos 20 anos.

Os policiais foram à casa deles investigar uma denúncia de estelionato contra o casal. Ao chegarem no endereço, em Vinhedo, na região de Campinas (SP), encontraram Iva da Silva Souza, que pediu ajuda aos investigadores: "Vocês precisam realmente saber o que está acontecendo, me ajude", teria dito, segundo o registro policial.

Inicialmente, no entanto, o casal foi levado à delegacia para a apuração de golpes praticados contra estabelecimentos comerciais do bairro. Como os policiais estranharam o pedido de ajuda da mulher, resolveram investigar e descobriram que havia um boletim de ocorrência por desaparecimento registrado em Colorado (PR), cidade natal da vítima, em 1996.

Ecio Pilli Junior, 47, em frente ao emblema da polícia civil de SP
Ecio Pilli Junior, 47, preso nesta segunda-feira (24), na delegacia de Vinhedo (SP), por suspeita de manter por 20 anos uma mulher em cárcere privado - Polícia Civil/Divulgação

A polícia, então, voltou ao endereço. A mulher confirmou que vivia confinada, com acesso a apenas dois cômodos, e sem poder sair nem atender a campainha. 

Ela cuidava da mãe da suspeita detida, de 88 anos, e, segundo disse aos policiais, nunca recebeu pelo serviço. Também disse que seus documentos estavam em poder do casal há pelo menos dois anos.

"Ela não tinha contato com o mundo exterior. Ela tinha um isolamento social absurdo. Ela não saía da residência, não falava com ninguém a não ser com os autuados e com a senhora idosa", afirmou a delegada Denise Margarido.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o casal usava uma conta aberta no nome da mulher para aplicar os golpes. "Eles abriram a conta com a justificativa de pagar o salário dela, mas nunca pagaram e começaram a dar cheques em lojas para praticar o estelionato", disse a delegada.

Marina Okido, 65, em frente ao emblema da polícia civil de SP
Marina Okido, 65, presa nesta segunda-feira (24), na delegacia de Vinhedo (SP), por suspeita de manter por 20 anos uma mulher em cárcere privado - Polícia Civil/Divulgação

A polícia não confirmou desde quando ela trabalhava para o casal. O casal foi preso e será indiciado por estelionato, tortura e cárcere privado. Eles passaram por audiência de custódia nesta terça-feira, no Fórum de Jundiaí, e tiveram a prisão preventiva decretada. 

A mulher de 88 anos que era cuidada pela vítima estava muito debilitada e foi encaminhada para a Santa Casa de Vinhedo. Já Iva da Silva Souza foi levada para um abrigo municipal da cidade.

Uma das irmãs de Iva, que mora em Araraquara (290 km de São Paulo) deve chegar ainda nesta terça a Vinhedo para reencontra-la.

A mulher ainda vai passar por exames, físicos e psicológicos, para depois ser definido seu destino: Colorado (casa da família) ou Araraquara (casa da irmã), segundo a prefeitura. A família informou à assistência social do município que a livre escolha será de Iva.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos presos.

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