Grupo mostra estudo para parque no Bexiga

Em ato público, arquitetos apresentam nesta quarta no teatro Oficina ideias para terreno que pertence a Silvio Santos

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Croqui do Teatro-Parque do Rio do Bexiga, com teatro aberto e passarelas sobre o córrego, ligando as ruas do entorno Divulgação

Croqui do Teatro-Parque do Rio do Bexiga, com teatro aberto e passarelas sobre o córrego, ligando as ruas do entorno Divulgação Divulgação

São Paulo

​Um parque que redescubra o córrego Bexiga, hoje escondido sob um terreno de 11 mil m² cujo uso é, há anos, alvo de disputa em São Paulo. Eis a proposta que um grupo de arquitetos apresenta nesta quarta (5) à população.

O palco do encontro é o teatro Oficina, opositor do dono do terreno, Silvio Santos, que pretende erguer ali três torres de cem metros de altura. 

A briga é antiga; o enfoque agora dado a ela é novo. “A grande contribuição desse projeto é levar em conta essa última camada, que, na verdade, é a primeira, a da terra”, diz a arquiteta Marília Gallmeister. 

O que será apresentado é um estudo preliminar para o Parque do Bexiga, conforme definido em projeto de lei de 2017, do vereador Gilberto Natalini (PV). O PL 805/2017 já foi aprovado em duas de quatro comissões técnicas que o analisam na Câmara Municipal.

A guinada ambiental dá esperanças ao grupo de que a população abrace a causa, sem que ela seja vista como uma ação isolada da trupe teatral. 

Gallmeister, Carila Matzenbacher e Marcelo X, que trabalham para o grupo do encenador Zé Celso Martinez Corrêa, uniram-se a Newton Massafumi e Tânia Parma, estudiosos dos córregos da cidade. 

Em março, o coletivo —ampliado com a vinda de Luiz Felipe Orlando, Bruno de Oliveira Rissardo e Manuela Makhoul, ex-alunos da Escola da Cidade— começou a delinear o que seria o parque, afinal.

O grupo diz que a proposta abarca anos de ideias anteriores. A primeira é de Lina Bo Bardi e Edson Elito, autores do teatro Oficina, que imaginaram ali o Teatro de Estádio.

Imagem do estudo preliminar para o Teatro-Parque do Rio Bexiga
Imagem do estudo preliminar para o Teatro-Parque do Rio Bexiga - Divulgação

A arena ao ar livre, que se valia do declive natural que vai da rua Santo Amaro à rua da Abolição, aparece no estudo, atravessado por caminho que liga bordas opostas do lote. 

Passarelas ligariam em altura as ruas do entorno do lote. Já no chão, diz Massafumi, “o córrego é o protagonista”. 

Ele corta transversalmente o terreno e, redescoberto, será cercado de trilhas de terra. Na água, haverá um palco, submergível durante as cheias.

Massafumi e Parma explicam que o processo seria de “renaturalização do córrego”, à borda do qual voltariam vegetação e fauna originais. 

Nesta quarta, os presentes poderão conhecer as ideias para o parque e fazer suas próprias contribuições à forma final do projeto. Eles serão recebidos por um rito teatral, ao qual se seguirão falas de convidados sobre o Bexiga, meio ambiente, cultura e patrimônio.

O Oficina é tombado em grau municipal, estadual e federal, e o projeto de Silvio Santos teve aprovação dos três órgãos de patrimônio, Conpresp, Condephaat e Iphan.

As cartas, porém, não estão todas jogadas. O teatro entrou com recurso junto ao conselho municipal de patrimônio, e há um processo correndo no Ministério Público Federal.

Para Massafumi, “não se trata de confrontar ninguém, mas de fazer o melhor para a cidade”. Ele diz acreditar que vários empresários atentarão para isso, “inclusive o atual proprietário do terreno”.

Ato pela Criação do Teatro-Parque do Rio do Bexiga

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