Em ano eleitoral, Covas prevê dobrar gastos com zeladoria em SP

Despesas na área que inclui limpeza e recapeamento passará de R$ 1,5 bi para R$ 3 bi

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), planeja gastar o dobro do orçamento com zeladoria em 2020, quando deverá disputar a reeleição. 

O tema foi destacado pelo prefeito nesta segunda-feira (30), em visita à Câmara para entregar o orçamento da cidade para o ano que vem. O projeto ainda deve ser discutido e votado pelos vereadores. 

"A área da zeladoria urbana tem sido uma demanda da população; o gasto médio que a gente tinha na cidade era de R$ 500 milhões. Neste ano, triplicamos para R$ 1,5 bi. No ano que vem, a gente vai chegar a R$ 3 bilhões, dobrando em relação a este ano e sextuplicando ao que era a média", disse.

A gestão vinha segurando as rédeas nos gastos, o que faz com que, nos bastidores, fale-se que Covas anda fazendo caixa para tentar se reeleger. A zeladoria, mal avaliada, é a principal aposta do prefeito na reta final. 

Dentro desta área, o destaque vai para o recapeamento de vias (R$ 1,4 bilhão) e reforma e acessibilidade em passeios públicos (R$ 627 milhões). Na limpeza urbana, serão R$ 873 milhões.

Conforme a coluna Mônica Bergamo revelou, a proposta orçamentária total é 13,9% maior, de R$ 69,9 bilhões. Os investimentos previstos são de R$ 7,3 bilhões, 34,4% a mais do que o previsto para este ano. 

"O aumento do investimento é porque a gente arrumou a casa. O primeiro ano da gestão, em 2017, a gente tinha um déficit anunciado de receitas que não seriam realizadas e despesas não previstas de R$ 7 bi", disse o prefeito.  

Covas citou uma série de obras que pretende entregar no ano eleitoral. "Vamos terminar os 12 CEUs (Centros Educacionais Unificados) que encontramos pela metade, os dois hospitais que encontramos pela metade, as 12 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) que encontramos pela metade. Todas as obras vamos terminar no ano que vem", disse. 

O prefeito afirmou que não haverá aumento de IPTU no próximo ano. Em relação ao ajuste da passagem de ônibus, não deu um posicionamento definitivo. 

A previsão para o subsídio do transporte público caiu 11,7%, e foi estimado em R$ 2,25 bi.

As secretarias de Educação, Saúde e Segurança Urbana terão aumento nos orçamentos, respectivamente de 7,7% (R$ 13,8 bi em 2020), 11,5% (R$ 11,8 bilhões) e 6,7% (R$ 693 milhões). 

Para o vereador Police Neto (PSD), a expectativa de conseguir R$ 2,9 bilhões com desestatização é ousada. No entanto, diz que se Covas se cumprir o que promete, pode largar com vantagem na disputa eleitoral. 

Já o vereador petista Antonio Donato diz que Covas foca em maquiagem da cidade. "Vão gastar dinheiro com recapeamento, e vão tentar dar um tapa em pracinha, melhorar a varrição. Na marginal Pinheiros eles cortaram o mato e pintaram com cal. Demorou três anos", diz. 

Donato afirma acreditar que o valor do orçamento está inflado, uma vez que é difícil haver crescimento de quase 14% em meio à crise. Para ele, trata-se de uma estratégia eleitoral para criar expectativas que, depois, acabarão frustradas. 

Covas se encontrou com 29 vereadores para entregar o projeto, incluindo alguns da oposição, como Eduardo Suplicy (PT). Logo após o tucano conseguir aprovar a lei de anistia por unanimidade, incluindo votos da oposição, o clima é de calmaria na Câmara. 

O encontro, ciceroneado pelo presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), teve apenas um momento de tensão e cobrança. O vereador Camilo Cristófaro (PSB) cobrou o pagamento de emendas, fundamentais para reeleição dos vereadores. 

"E emenda, secretário? As emendas não saem", afirmou Camilo, ao secretariado de Covas, também presente. "Toda semana é a mesma história". Outros vereadores puseram panos quentes, e o encontro acabou pouco tempo depois. 

ORÇAMENTO

  • Zeladoria  - R$ 3 bilhões 
  • Educação -  R$ 13,8 bilhões 
  • Saúde -  11,8 bilhões
  • Assistência Social - R$ 1,3 bilhão
  • Segurança -  R$ 693 milhões
  • Mobilidade e transporte -  R$ 3,1 bilhões
  • Habitação -  R$ 451 milhões 
  • Cultura - R$ 432,6 milhões
  • Esportes -  R$ 204,7 milhões  

RECEITAS 

  • Programa de desestatização -  R$ 2,9 bilhões
  • Financiamento do BID -  R$ 800 milhões, em cinco anos 
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