Veio de Vinícius de Moraes a paixão por poesias. A história do poeta era uma das preferidas do advogado criminalista Gilberto Marques de Melo Lima.
Além de poesias, ele também escrevia crônicas sobre o amor, a vida e os fatos do cotidiano. Antes de ser considerado um dos mais importantes advogados criminalistas do país, era chamado pelos amigos de poetinha.
A última crônica, encontrada por um dos filhos, havia sido escrita pouco antes de morrer. O texto de cinco páginas aborda a profissão de advogado e a situação do país e dos professores.
Lima ganhou renome com a atuação em casos de repercussão nacional, a exemplo do Escândalo da Mandioca, considerado o maior crime financeiro ocorrido em Pernambuco (no final da década de 1970 e início dos anos 1980). À época, tinha 26 anos.
Ele também participou da Comissão da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, que investigou crimes cometidos durante a ditadura militar.
Seu filho, o advogado Gilberto Sarmento Marques de Lima, 30, conta que ele sempre foi inteligente e precoce.
“Aos três anos, meu pai já sabia ler e escrever. Aprendeu sozinho. Um dia, levou bronca do meu avô por ter escrito um cartaz na porta de casa informando que ali se engraxavam sapatos.”
Apesar de gostar de curtir a vida, o dinheiro nunca foi seu objetivo. Para ele, não havia distinção entre ricos e pobres. “Meu pai sempre deu valor à justiça e a pequenas coisas”, diz o filho.
Nascido em Recife (PE), Gilberto Marques de Melo Lima morreu em 20 de setembro, aos 64 anos, de infarto. Divorciado, deixa cinco filhos e três netas.
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