Após chuva causar caos em São Paulo, cidade tem trânsito abaixo da média nesta terça-feira

Rodízio de veículos permanece suspenso; já não há mais nenhum ponto de alagamento intransitável

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São Paulo

Um dia depois do caos vivido em São Paulo, decorrente das fortes chuvas que atingiram a cidade, a capital paulista tem na manhã desta terça-feira (11) trânsito abaixo da média, mesmo com o rodízio de veículos ainda suspenso, e já não há pontos de alagamento intransitáveis, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

O metrô opera normalmente e apenas a linha 9 - Esmeralda da CPTM tem velocidade reduzida, com intervalo maior entre os trens. 

As marginais Pinheiros e Tietê, que tiveram interdições na segunda-feira devido a alagamento, estão abertas para o trânsito sem nenhum ponto de transbordamento dos rios.  

O Corpo de Bombeiros não registrou ocorrências graves durante a madrugada. O último balanço de segunda-feira apontou 1.043 pontos de enchentes durante o dia; 193 desmoronamentos; 219 quedas de árvore. Em 24 horas, a corporação atendeu 10.371 ligações, que resultaram em 2.345 ocorrências. 

Nesta terça, os bombeiros atenderam 13 chamados de queda de árvores e 8 desabamentos. 

A previsão para esta terça na cidade é de chuvas esparsas e dia com sol encoberto. A temperatura cai e fica entre 16º C e 20º C, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

A cidade recebeu, na segunda-feira, o segundo maior volume de chuvas para o mês de fevereiro em 77 anos. Os  rios Pinheiros e Tietê transbordaram, ruas foram alagadas, moradores ficaram ilhados, escolas suspenderam aulas e transportes e serviços públicos foram interrompidos. As autoridades chegaram a recomendar a quem pudesse que evitasse sair de casa.

As precipitações ganharam força na primeira hora do dia e continuaram ao longo de todo o dia. No final da tarde, já havia chovido em dez dias na capital paulista 96% do esperado para todo o mês.

Em três horas, o volume do rio Pinheiros atingiu o maior nível desde que o governo começou a monitorar o sistema, em 1967, segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado. O transbordamento do Pinheiros e do Tietê em diversos trechos contribuiu para travar a circulação na cidade. 

Os bairros que receberam maior volume de precipitações foram a Lapa, na zona oeste, Tremembé, na zona norte, e São Miguel Paulista, na leste, mas todas as regiões foram atingidas.

Na Vila Itaim, no extremo leste, moradores já acostumados a enchentes voltaram a ver a água subir em alguns casos até o telhado e perderam móveis e eletrodomésticos.

Na Barra Funda, na zona oeste, condôminos ficaram ilhados em prédios e assistiram, sem poder sair de casa, a resgates em botes e à subida do nível da água, que entrou na garagem de alguns dos edifícios.

No estádio do Morumbi, a água invadiu toda a área social, inclusive a piscina.

centro expandido paulistano ficou vazio, porque poucos conseguiam chegar a ele. O trânsito fluía em avenidas como Angélica, Rebouças, Brasil, Faria Lima, Nove de Julho e Consolação, em geral entupidas.

Diversos serviços foram interrompidos. O Tribunal de Justiça cancelou expediente nas unidades da Grande São Paulo e das comarcas de Botucatu, Cubatão, Mongaguá, Praia Grande e São Vicente. Na Lapa, a Superintendência da Polícia Federal suspendeu a emissão de passaportes.

Principal entreposto de abastecimento da cidade, a Ceagesp foi também inundada. Alimentos foram perdidos e, ilhados no entorno, caminhões de transporte ficaram parados por horas.

Os alagamentos afetaram até a alimentação de 8.203 detentos e 484 jovens menores de idade em medida socioeducativa. Ao menos nove unidades da Fundação Casa e seis Centros de Detenção Provisória ficaram sem receber almoço entre a manhã e a tarde desta segunda-feira.

No Complexo Vila Maria da Fundação Casa, próximo à marginal Tietê, refeições só chegaram de helicóptero, com auxílio da Polícia Militar.

Os pontos de alagamento afetaram gravemente o transporte dentro da cidade e também nas entradas e saídas. 

Ônibus deixaram de circular pelo menos em algum momento por 13 vias da cidade, como as marginais e as avenidas Braz Leme, Chucri Zaidan, Francisco Morato, Interlagos, Marquês de São Vicente e Santo Amaro.

Devido a alagamentos, os trens da linha 9-Esmeralda da CPTM circularam apenas entre as estações Grajaú e Santo Amaro a partir das 4h. O mesmo ocorreu em parte da extensão da linha 8-Diamante até as 9h. Por volta das 9h20, houve interferências nos fios da rede elétrica que alimentam os trens da linha 7-Rubi entre as estações Jaraguá e Vila Aurora, que passaram a circular em menor velocidade.

No Terminal Rodoviário do Tietê, mais de 350 partidas de ônibus foram canceladas. Na rodoviária da Barra Funda, foram ao menos 90.

Diversas rodovias tiveram trechos bloqueados pelos estragos causados pela chuva, como a Castello Branco, a Ayrton Senna e Anhanguera. O trânsito na Bandeirantes fez passageiros de ônibus desistirem da viagem e seguirem o caminho a pé. O sistema de transporte intermunicipal na região metropolitana também foi afetado.

Os aeroportos ficaram abertos, mas muitos passageiros e tripulantes não conseguiram chegar a tempo de viajar. 

Até as 18h30, 28 voos haviam sido cancelados em Cumbica, e 40 tinham atrasado. Já Congonhas registrou 23 atrasos e 9 cancelamentos.

Conforme a Folha mostrou, a cidade de São Paulo tem ao menos 17 obras de drenagem, a maioria delas atrasada. A administração afirma que, até o momento, inaugurou oito piscinões, cinco deles no último ano.

Outros municípios do estado também foram gravemente afetados pelos temporais. Em Botucatu (a 238 km da capital), o motorista de um caminhão morreu ao cair com o veículo na cratera que se abriu na rodovia Marechal Rondon. O corpo foi encontrado às margens de um córrego em local de difícil acesso. 

Um casal levado pela enxurrada na estrada do Capivara desapareceu. O carro foi localizado. O prefeito Mário Pardini (PSDB) decretou estado de emergência e calamidade pública na cidade.

Em Osasco, na Grande SP, um deslizamento de terra no morro do Socó deixou famílias desabrigadas e chegou a soterrar um menino de sete anos de idade. Ele teve uma parada cardíaca, mas foi resgatado com vida, reanimado pela equipe de socorristas e encaminhado para um hospital em Barueri.

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