Descrição de chapéu Alalaô Rio de Janeiro

Viradouro é campeã do Carnaval carioca e leva o 2º título de sua história

Agremiação homenageou ganhadeiras da Lagoa do Abaeté, em Salvador

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Júlia Barbon Michel Alecrim
Rio de Janeiro

A Unidos do Viradouro cumpriu o que prometia e lavou sua alma na Sapucaí em 2020. A escola levou o segundo título de sua história nesta quarta (26), com o enredo "Viradouro de Alma Lavada" —o último havia sido conquistado em 1997.

Viradouro comemora o título de campeã dos desfiles do Grupo Especial da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
Viradouro comemora o título de campeã dos desfiles do Grupo Especial da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro - Lucas Landau / UOL

“É a melhor sensação do mundo”, disse o presidente da escola, Marcelinho Calil. “A gente merece muito. Eu sei que todas as escolas trabalham, merecem. Mas a gente merece muito também. Já desfilamos ano passado, já fizemos um grande desfile, ficamos por pouco. E esse ano fomos agraciados com esse título.”

 

A escola havia sido rebaixada em 2015 e só voltou ao grupo especial três anos depois, em 2018. No ano passado, ficou em segundo lugar atrás da Mangueira.

A disputa foi acirradíssima neste ano até o fim da apuração. A campeã só foi decidida no último quesito, harmonia, quando fez 269,6 pontos. Teve a mesma pontuação da Grande Rio, mas venceu nos critérios de desempate. A Mocidade ficou em terceiro.

Já a União da Ilha e a Estácio de Sá tiveram os piores resultados e caíram para a segunda divisão.

A Viradouro foi a segunda escola a entrar na avenida na noite de domingo (23), com uma apresentação impecável que já começou com uma sereia dentro de um aquário. Era a nadadora Anna Veloso. 

“Só uma atleta com muito preparo físico poderia estar ali. Mas quando o tanque fica escondido é hora de ela respirar", explicou o coreógrafo Alex Neoral no dia d o desfile.

 

A traseira do abre-alas também estava abastecida de água, mas com perfume da água de cheiro da Bahia. O enredo homenageou as lavadeiras da Lagoa do Abaeté, em Salvador, e resgatando suas histórias e seu empreendedorismo. 

“A Viradouro fez um desfile empolgante e de visual de impacto, enaltecendo a história da mulher negra no Brasil. As ganhadeiras de Itapuã, além de representarem um enredo forte, têm muito impacto no sentido de reflexão”, opinou a rainha de bateria Raissa Machado.

A escola contou a forma criativa como gerações de lavadeiras ganharam a vida se revezando entre o trabalho nas margens da lagoa e perambulando pela capital baiana com cestos de produtos variados. Com os lucros, acabaram ajudando a alforriar muitos escravos.

Contaram a favor da escola as muitas alas com componentes maquiados e o belo acabamento das fantasias, que permitiam uma evolução leve dos componentes.

Um pequeno deslize prejudicou o final da apresentação: o último carro teve um defeito e as luzes dos refletores falharam. Mas o efeito do movimento dos braços de uma ganhadeira levantando uma roupa do cesto se sobressaiu. 

Cada um dos nove quesitos recebeu notas de cinco jurados posicionados em pontos diferentes da Sapucaí, sendo que a mais alta e a mais baixa foram descartadas. As seis escolas que somaram mais pontos voltarão ao sambódromo na noite de sábado (29), para o tradicional desfile das campeãs.

São elas: Mangueira (6º lugar), Salgueiro (5º), Beija-Flor (4º), Mocidade (3º), Grande Rio (2º) e Viradouro (1º).

 

A vice-campeã Grande Rio despontava no topo da lista durante a maior parte da apuração. “Tu tem noção do que vai acontecer em Caxias? Chuva de dinheiro. Uma semana de festa”, dizia um torcedor, antes da vitória da Viradouro ser confirmada, falando sobre a cidade de origem da agremiação, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O enredo contou a história de Joãozinho da Gomeia, o mais famoso pai de santo de Caxias. Ele foi retratado como um líder religioso negro, homossexual e nordestino.

Após dois anos com resultados ruins, a Grande Rio contratou carnavalescos novos no grupo especial (Gabriel Haddad e Leonardo Bora) e trouxe de volta Paolla Oliveira como rainha de bateria, no lugar de Juliana Paes. As cantoras Luiza Sonza e Pocah também foram destaques, puxando algumas alas coreografadas.

O abre alas, porém, empacou, e a falha no carro teve seu preço —a escola começou a perder pontos no critério de evolução. O atraso provocou um grande buraco no desfile, que fez com que homens tivessem que empurrar a enorme alegoria e provocou uma correria nas alas seguintes, depois normalizada.

Para a Estácio de Sá, não foi suficiente contratar a lendária carnavalesca Rosa Magalhães. A escola fez uma salada com pré-história, Serra Pelada e o homem na Lua, ligando todos esses temas com um enredo fraco sobre pedra. 

A agremiação havia voltado ao grupo especial neste ano, mas já caiu novamente. Podem ter contribuído para a queda a evolução bagunçada no geral e as fantasias e alegorias mais pobres.

A União da Ilha já começou a apuração com menos 0,1 ponto por ter ultrapassado o tempo de 70 minutos. O principal problema foi um defeito mecânico no terceiro carro alegórico, que criou um enorme buraco no desfile e obrigou os componentes a correr.

Apesar do defeito, a escola fez um belo desfile sobre a vida nas favelas, com um abre-alas que impressionou pelo realismo, trazendo motoboys e o sobrevoo de helicópteros da polícia no morro.

A Imperatriz Leopoldinense foi a campeã da série A do Carnaval do Rio de Janeiro 2020 e voltará ao grupo especial em 2021. A escola tirou nota dez em todos os quesitos.

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