Quando a arte tomou conta da alma e do coração de Cristiano Brandão, nasceu Cris Tower, transformista, apresentadora e promoter da noite paulistana LGBT.
Achar o nome artístico foi fácil. Uma pessoa a batizou de Cris. O Tower foi uma referência à sua altura.
No início, Cris não achava que havia nascido para o palco. Começou como hostess do bar Queen, no centro da capital paulista.
Maryana Mercury, 37, ator transformista do mesmo bar conta que Cris era agravável a ponto de fazer as pessoas se sentirem como se estivessem bebendo com os amigos na própria casa. "Ela gostava de abraçar todos e fazia isso com os olhos e o coração. Iluminada, sempre quis levar alegria ao público", diz Maryana.
A amizade entre elas começou há cerca de oito anos, na Paradise, que já encerrou suas atividades. "Ela ia aos meus shows e me levou para trabalhar no Queen", conta.
Um dia, Cris recebeu convite para ser apresentadora dos shows e agradou.
Após o dono do Queen morrer, foi trabalhar no Carolina's bar. Às quintas, a noite LGBT pertencia à Cris Tower, com um show para lá de ousado chamado Vegas. "O que acontece em Vegas, fica em Vegas", dizia Cris sempre que questionada sobre a apresentação.
Natural da zona norte da cidade de São Paulo, Cris Tower era uma pisciana cheia de sonhos. Em 2017, venceu o concurso de Miss São Paulo Gay Plus Size. Havia acabado de comprar um terreno para a construção da casa própria.
Doce como sua alegria, Cris estendia a mão para ajudar o outro, até oferecendo abrigo em sua casa a quem necessitasse. Gostava da noite e do trabalho na mesma proporção.
"Ela amava o Rio de Janeiro, dançar funk e era fã de Carla Peres", afirma Maryana.
Dias antes de ser diagnosticada com Covid-19, Cris começou a apresentar alguns sintomas da doença, mas temia ir ao médico. Quando chegou ao hospital, a infecção já tinha agravado o quadro.
Cris Tower morreu dia 27 de maio, aos 36 anos, por complicações de Covid-19.
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