A vida de Nelly Nunes da Silva Pares não foi marcada por dificuldades financeiras, mas ela aprendeu o valor de cada gota de suor para crescer. E soube repassar aos filhos.
Nelly nasceu em Osasco (Grande SP), em uma família de descendência portuguesa —mãe professora e pai contador.
Era pacata, tímida e ligada à família. Ela gostava de se divertir com os primos e mergulhar nos estudos.
Quando o pai mudou de emprego, fixou residência na Lapa (zona oeste).
O amor pelos estudos tinha umas pitadas de coragem e boa vontade. Chegar diariamente à Escola Estadual Padre Anchieta, no Brás (centro), até se formar professora, aos 17 anos, requeria certo esforço para atravessar a cidade.
O sonho de ser enfermeira foi impedido pelos pais. Então, Nelly optou pelo plano B, administração pública. O curso abriu as portas para um concurso público e o ingresso no DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
O estudante de medicina David Baptista da Silva Pares Netto era um dos seus subordinados. O amor falou mais alto que qualquer hierarquia e ambos se casaram. Da união, nasceram seis filhos.
Mesmo com a família grande, Nelly quis estudar pedagogia. Não exerceu a profissão, a não ser dentro de casa. Ninguém iria dormir se não tivesse finalizado as obrigações da escola. Tarde da noite, Nelly passava a lição com cada um enquanto preparava os lanches do dia seguinte.
Ela era uma mistura de zelo, amor, dedicação e rigor. “Quando chamava os filhos pelo nome composto era sinal de bronca”, lembra a filha, a biomédica Madalena Pares, 64.
Em seu currículo ainda coube uma faculdade de direito, feita na USP. Foi conselho do chefe.
Nelly adorava tocar piano e fez questão de que os filhos aprendessem a arte. Além disso, seu dia não ficava completo sem a leitura do jornal.
Um dos filhos morreu num acidente de trânsito, fato que tirou o seu prazer em dirigir.
Nelly Nunes da Silva Pares morreu dia 3 de julho, aos 97 anos, de insuficiência cardíaca. Divorciada, deixa cinco filhos, genro, noras, netos e bisnetos.
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