A igualdade de direitos e o cuidado nas relações pessoais eram marcas do jornalista Juan Garrido.
Nascido em Málaga, na Espanha, veio ao Brasil com os pais, aos seis anos. A primeira parada foi Itu (101 km de SP). A mãe era dona de casa e o pai proprietário de uma camisaria na cidade. Logo, a família aumentou com o nascimento dos dois irmãos.
Aos nove anos, quando contraiu uma doença que o deixou acamado durante um ano, os livros foram seus únicos companheiros. Juan virou um leitor voraz.
Aos 16, fundou o jornal Bidu (Brasileiros Independentes Democratas e Unidos) e implantou a Semana de Arte, ambos em Itu.
Dois anos depois, Juan mudou-se para a capital paulista, prestou vestibular para jornalismo na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, e foi aprovado.
A graduação o lapidou na profissão pela qual já era apaixonado. Foi na Cásper Líbero que Juan conheceu a esposa, Cláudia Garrido, já falecida.
Juan transferiu para o jornalismo a leveza com a qual levava a vida, além da generosidade. Suas marcas ficaram nas lembranças de quem o encontrou nas redações do Diário Popular, Revista Visão, Correio Braziliense, Gazeta Mercantil e Diário do Comércio & Indústria. Ultimamente, comandava a Revista Engenharia, da qual era editor-chefe, e atuava como colaborador dos suplementos e revistas do Valor Econômico.
"Conheci o Juan em 1998, quando fui trainee na Gazeta Mercantil. Ele lia meus textos. Além de me ajudar, ensinou o cuidado com a pauta, a pesquisa e a apuração. As bases do bom jornalismo eu aprendi com o Juan, sempre alto astral e preocupado com as pessoas”, conta a amiga, a jornalista Ediane Tiago, 44.
Segundo a filha, a psicóloga Gabriela Garrido, 49, ele foi para o neto, o estudante Murilo Garrido Barbato, 19, o avô carinhoso, o pai, a referência ideológica.
Os cafés da manhã com a família só tinham charme se fossem demorados. “Ele era um cara feliz”, afirma Gabriela. Diariamente, pela manhã, acompanhava o noticiário esportivo e político fervorosamente através da leitura de jornais.
No dia 23 de agosto, um domingo, sofreu um ataque cardíaco fulminante, aos 72 anos, em casa. Viúvo, deixa a filha Gabriela e o neto Murilo.
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