Posto de primeiros socorros atende animais atingidos por incêndio no interior de SP

Estrutura foi montada por centro universitário, em São João da Boa Vista

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Belo Horizonte

Para prestar primeiros socorros a animais atingidos pelos incêndios que já duram uma semana no interior de São Paulo, um ponto de atendimento veterinário foi montado pela Unifeob (Centro Universitário Octávio Bastos) entre a região atingida e o hospital veterinário da instituição.

O primeiro atendimento no local foi registrado nesta quinta-feira (10), quando ex-alunos, que atuam como voluntários, trouxeram um bezerro, encontrado com temperatura elevada. A mãe dele foi encurralada pelas chamas e não conseguiu sobreviver.

Um bezerro encontrado por voluntários foi o primeiro atendimento em ponto veterinário montado pela Unifeob, no interior de SP - Juliana Bonfante / Unifeob

Instalada na zona rural de São João da Boa Vista, a unidade tem equipe a postos desde quarta-feira e capacidade para atender até cinco animais por vez, dependendo da gravidade dos casos. Ainda não foram registrados atendimentos de animais silvestres.

O objetivo é estabilizar os animais no local, para que possam ser encaminhados ao hospital, que fica a cerca de 10 km. Segundo a Unifeob, após tratamento e reabilitação, eles poderão ser soltos novamente em seu habitat natural ou encaminhados a instituições especializadas em cuidados de animais silvestres.

Segundo o professor dos cursos de Biologia e Medicina Veterinária da Unifeob, Plínio Aiub, as três equipes que fazem buscas ativas pós-incêndio localizaram animais em fuga e escondidos e serpentes carbonizadas, com carcaças em estado que não poderia ser recuperado nem para exposição em museus.

“Diferente de incêndios em chapadas, no Centro-Oeste, numa planície, aqui é um incêndio de montanhas, tem muito esconderijo, buraco, pedra, onde eles conseguem ficar. Principalmente, lagartos, serpentes, o fogo passa lambendo por cima e eles, depois, saem”, explica o professor.

Como a região é de Mata Atlântica em transição, podem ser encontradas na área atingida onças, jaguatiricas, cervos, tamanduás, tatus, ouriços, entre outros. As três últimas espécies têm mobilidade mais lenta e, portanto, maior dificuldade para fugir, sendo por isso os objetos de busca das equipes.

Aiub conta ainda que atendeu em sua clínica um ouriço-cacheiro, que veio a óbito devido às queimaduras.

Para as aves, esta época do ano, próxima ao início da primavera, é de montagem de ninhos, o que também foi afetado pelo fogo, com a perda de árvores que servem de abrigo e alimento. Aiub diz que gaviões, porém, têm aproveitado o momento para buscar presas.

Embora pareça positivo o fato de que no ponto de atendimento, uma espécie de hospital de campanha, não haja ainda registro de casos de animais silvestres até aqui, Aiub ressalta que muitas das perdas podem não ter sido localizadas ainda, já que o acesso às áreas é sempre após o fogo.

"Principalmente, o grupo de insetos, que a meu ver é o mais preocupante. Os polinizadores da floresta estão sendo dizimados. A grande maioria dos construtores de florestas são insetos”, avalia ele.

O fogo que está consumindo a vegetação num parque em Águas da Prata e na Serra Paulista, em São João da Boa Vista, se iniciou entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado, segundo o Corpo de Bombeiros. Ainda não se sabe a origem dos incêndios.

Para combater o fogo, estão sendo usadas quatro aeronaves —dois helicópteros e dois aviões agrícolas. Ainda segundo os bombeiros, há 135 focos de incêndio no estado de São Paulo, sendo 6 com maiores proporções, nos municípios de São João da Boa Vista, Vargem Grande do Sul, Águas da Prata, Itirapina, Luiz Antonio e São José do Rio Preto.

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