Descrição de chapéu Obituário Miled Cury Andere (1920 - 2021)

Mortes: Defendeu as memórias do Brasil na 2ª Guerra

Miled Cury Andere lutou na Segunda Guerra durante dez meses

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São Paulo

Miled Cury Andere sempre viveu a frente de seu tempo. Descendente de libaneses, rompeu tradições ao recusar o matrimônio com uma moça que havia sido “arrumada” pela família para se casar com a brasileira Maria José (Zezé).

Natural de Mogi das Cruzes (Grande SP), Miled ajudou o pai José Cury Andere no armazém da família até ser convocado pela FEB (Força Expedicionária Brasileira), junto a outros 400 mogianos, para o combate na Segunda Guerra Mundial.

Embarcou para a Itália em junho de 1944 e voltou ao Brasil dez meses depois.​

Miled Cury Andere (1920-2021)
Miled Cury Andere (1920-2021) - Arquivo pessoal

Formou-se em Administração Escolar e Orientação Educacional no Instituto Pedagógico de Ensino Industrial, em São Paulo, e construiu sua carreira no magistério.

Aposentou-se após 40 anos de trabalho, em 1977, mas continuou atuando na área até 1990, quando completou 70 anos.

“Ativo e lúcido até os últimos dias, ele sempre esteve envolvido em muitas atividades e participou da vida do município”, conta a professora e diretora escolar aposentada Marcia Aurora Andere de Mello, 74, sua filha.

Miled foi um dos mais antigos voluntários da Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes.

Defensor da preservação das memórias sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, palestrou nas escolas sobre o assunto. Sempre enfatizava aos estudantes a presença dos mogianos e que “na guerra todos perdem”.

Lançou dois livros: “Memórias de um Mogiano na FEB”, pela editora da USP, e “Foi o Frio”, edição artesanal pelo próprio autor.

Aos filhos, ensinou o respeito ao próximo, independentemente das escolhas e classe social. “O sentimento que permeia a família é de gratidão por termos sido seus familiares”, afirma Marcia.

Aniversariante em 25 de dezembro, anualmente reunia a família no Natal para a dupla comemoração. Crítico das aglomerações, em 2020 exigiu que o festejo fosse virtual.

A vida finalizou a sua história conforme desejou: chegar aos 100 anos e descansar. Ele morreu no dia 15 de janeiro, por complicações de insuficiência respiratória e cardíaca. Deixa três filhos, 13 netos e 15 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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