Descrição de chapéu Obituário Therezinha Milliet Austregésilo Soares (1933 - 2021)

Mortes: Atriz trocou a carreira promissora para ser mãe do Rafael

Therezinha Milliet Austregésilo Soares, que também era bailarina e cantora, foi casada com o humorista e ex-apresentador Jô soares

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Matinas Suzuki Jr.
São Paulo

Therezinha Millet Austregésilo Soares, que se recolheu de uma ascendente carreira de atriz para se dedicar inteiramente ao filho autista Rafael, morreu na terça-feira (16), aos 87 anos, no Rio, de complicações cardíacas acentuadas pelo novo coronavírus.

Filha de um dos de um dos mais importantes médicos na então capital da República e um dos introdutores da psicanálise no Brasil e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Antônio Austregésilo, e versátil no palco (era também bailarina e cantora), Therezinha foi, ao lado de Danuza Leão, uma das debutantes da sociedade carioca no baile do Golden Room do Copacabana Palace, chamado pelo colunista Jacinto de Thormes de “o baile de 1948”.

Theresinha Milliet Austregésilo Soares (1934-2021) e o filho Rafael
Theresinha Milliet Austregésilo Soares (1934-2021) e o filho Rafael - Arquivo pessoal

Logo se tornou uma das grandes apostas do diretor e produtor do teatro de revista Silveira Sampaio. Foi escolhida pelo crítico A. Accioly Neto, de O Cruzeiro, a revelação teatral de 1953.

Foi elogiada por Stanislaw Ponte Preta, Antônio Maria e pelo poeta e tradutor de peças de Schiller e Shakespeare, Manuel Bandeira, que ao comentar uma peça da qual ela participava disse que “não vi uma Therezinha só: vi quatro Therezinhas, e tão diferentes, todas ótimas”.

Em 1956, a atriz casou-se, em Manaus, com o poeta Thiago de Mello, que lhe levava um buquê de rosas todos os dias.

Em 1959, um jovem que frequentava o ambiente teatral carioca a procura de uma oportunidade para mostrar seu grande talento, José Eugênio Soares, perdeu uma carona para ir ver um jogo do Fluminense e resolveu ir ao Teatro de Bolso, em Ipanema, onde estava em cartaz a peça Pedro Mico, de Antonio Callado.

Naquela tarde, ele se apaixonou por uma das atrizes. Passou a ir à peça todas as noites, levando para ela um gibi do Bolinha. Poucos meses depois, Jô Soares e Therezinha Austregésilo, o Bolinha e a Luluzinha, como eram chamados, se casaram – e, por alguns anos, ela foi a provedora financeira da dupla.

Nos anos 1960, o casal veio para São Paulo, onde a televisão se desenvolvia rapidamente.

Por meses, esconderam em casa o físico e crítico de arte Mário Schenberg, então procurado pela repressão política da ditadura milita.

Tempos depois, mudaram-se para uma casa numa vilinha da rua Brigadeiro Luiz Antônio que se tornaria ponto de encontro de artistas de vanguarda da época, como o pintor e performático José Roberto Aguillar e o escritor e cineasta José Agripino de Paula, e alvo de um atentado do Comando de Caça aos Comunistas.

Therezinha se abriu para várias experiências religiosas e escreveu um livro de poemas. Sua maior, porém, obra passou a ser a dedicação ao filho Rafa —que morreu em 2014, aos 50 anos— nascido numa época em que os conhecimentos médicos sobre o autismo eram incipientes.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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