Descrição de chapéu Obituário Roberto Luiz Rockmann (1942 - 2021)

Mortes: Físico nuclear e amante das artes, cultivou flores para rir e chorar

Aficionado pela família real e pelos Kennedy, gostava de lembrar que tudo tem dois lados

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São Paulo

Impossível falar de Roberto Luiz Rockmann sem lembrar sua ligação com as artes.

Físico nuclear, ele trabalhou no Centro de Medicina Nuclear ligado à Faculdade de Medicina da USP e passou anos a calcular medidas de radiação para tratamento de pacientes com câncer. Mais do que as partículas, porém, o que realmente o fazia vibrar eram o cinema, a música e o teatro.

Filmes, peças e canções embalam a memória afetiva dos que conviveram com ele.

Como as composições de Dorival Caymmi que entoava para ninar o filho, também Roberto, quando ele ainda era bebê. Mais tarde, apresentou a ele Paulo Vanzolini e o acompanhou em shows de João Gilberto.

Muito mais por outra de sua marca, o companheirismo, do que por qualquer predileção particular pelo cantor baiano, pelo contrário. “Meu pai era da geração pré-bossa nova, e o sussurro não lhe impressionava”, lembra Roberto.

Roberto Luiz Rockmann (1942-2021)
Roberto Luiz Rockmann (1942-2021), físico nuclear - Arquivo pessoal

Foi o pai também que o apresentou Hitchcock e que compartilhou com ele a experiência de ter visto nos palcos mais de uma vez nomes como Fernanda Montenegro, Paulo Autran e Marília Pêra.

“Assunta do 21”, que contava a história de uma imigrante italiana de uma pensão no Brás, era uma de suas peças favoritas.

A São Paulo onde Roberto nasceu foi uma cidade onde Pinheiros era um bairro cheio de casas com quintal onde se comiam frutas no pé. Foi em uma delas, na rua Oscar Freire, que viveu desde a infância até conhecer Teresinha, farmacêutica bioquímica com quem foi casado por 47 anos, até o final.

Talvez porque adorasse fofocas em geral —e em particular as da família Kennedy e da família real britânica, que podia contar em minúcias— sabia que tudo na vida sempre tinha dois lados. Que havia dias tristes e alegres, lembra o filho. Flores para celebrar, como as orquídeas que cultivava, e para chorar.

Pois um desses dias de prantear aconteceu na sexta-feira (12), quando morreu de complicações de um linfoma, após ter o quadro agravado por Covid.

Aos que ficaram será agora impossível não se lembrar de sua música favorita, como conta o filho Roberto. Ela foi composta por Sergio Bittencourt em homenagem a seu pai, Jacob do Bandolim.

“Agora resta uma mesa na sala/ E hoje ninguém mais fala do seu bandolim/ Naquela mesa tá faltando ele/ E a saudade dele tá doendo em mim.”

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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