Bruno Covas piora e tem quadro irreversível, afirma boletim médico

Comunicado diz que prefeito de SP recebe sedativos e está acompanhado de seus familiares

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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, em entrevista à Folha no ano passado - Adriano Vizoni - 10.set.20/Folhapress
São Paulo

O estado de saúde do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), 41, piorou e seu quadro é considerado irreversível, anunciou boletim médico divulgado na noite de sexta-feira (14).

Segundo o comunicado, Covas vem recebendo medicamentos analgésicos e sedativos e está no quarto do Hospital Sírio-Libanês acompanhado de seus familiares (veja íntegra abaixo).

Covas iniciou, em 2019, tratamento contra um câncer que se originou na cárdia, uma válvula no trato digestivo, e depois afetou também o fígado. Entre outubro de 2019 e fevereiro de 2021, o prefeito fez oito sessões de quimioterapia. As lesões cancerígenas regrediram, mas não desapareceram por completo.

Após um período com a doença controlada, recebeu em fevereiro deste ano, pouco após iniciar o novo mandato, depois de ter sido reeleito para comandar a Prefeitura de São Paulo em segundo turno em 2021, a notícia da piora de seu quadro.

Um novo nódulo no fígado fora descoberto —na ocasião, a equipe médica disse que o câncer no sistema digestivo conseguiu "ganhar terreno", mas que ainda era menor do que o primeiro encontrado há dois anos.

Em 16 de abril, os médicos anunciaram que exames detectaram o surgimento de novos focos de câncer no fígado e ossos do prefeito. Covas ficou internado por 12 dias e teve alta no dia 27 de abril, mas voltou a ser internado em 2 de maio para fazer exames de sangue, de imagens e de endoscopia e continuar o tratamento de quimioterapia e imunoterapia, segundo a prefeitura.

Como a endoscopia mostrou que havia um sangramento no local do tumor inicial, na cárdia, entre o esôfago e o estômago, ele foi intubado. Após passar por procedimento endoscópico e ter o sangramento estancado, foi extubado já no dia seguinte, mas seguiu internado.

Covas vinha evitando afastar-se de suas funções na prefeitura, limitando suas licenças médicas, e despachava do hospital. Em 2 de maio, porém, o prefeito decidiu se licenciar por 30 dias do comando da prefeitura. Na data, o vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB), passou a chefiar o Executivo.

À época, em seu perfil no Instagram, Covas publicou uma nota em que disse que solicitaria à Câmara uma licença de 30 dias para se dedicar totalmente à sua recuperação e que tinha certeza de que superaria mais essa batalha.

"Assim como tenho a convicção que o nosso vice Ricardo Nunes e a nossa equipe de secretárias e secretários manterão a cidade no rumo certo, cumprindo o nosso programa de metas e plano de governo, priorizando o combate à pandemia e seus efeitos", escreveu.

O licenciamento foi oficializado com um pedido médico que a equipe que o assiste no Hospital Sírio-Libanês encaminhou à prefeitura. Depois, o documento precisou ser validado pela Câmara Municipal de São Paulo.

O prefeito disse também que nos últimos meses a vida vinha apresentado enormes desafios e que ele procurava enfrentá-los com fé, cabeça erguida e muita determinação.

Movimento na frente do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na noite desta sexta - Eduardo Anizelli/Folhapress

Covas manteve atitude de transparência ao longo de todo seu tratamento contra o câncer, falando do assunto na campanha e com a equipe médica dando entrevistas coletivas sobre o assunto.

Nos últimos dias, recebeu visitas de vários políticos. A última delas publicada em suas redes sociais foi a do vice-governador Rodrigo Garcia, agora no PSDB.

Recentemente, também foi visitado pelo governador João Doria (PSDB), pelo presidente da Câmara, Milton Leite (DEM) e pelo vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Em 2016, mais conhecido por ser neto de Mário Covas (1930-2001) do que pela atuação discreta como parlamentar, Covas se tornou o vice na chapa de João Doria (PSDB) para a prefeitura como uma tentativa de pacificar o tucanato rachado pela escolha de um outsider como candidato. ​

Em abril de 2018, aos 38 anos, ele assumiu o posto de prefeito, deixado por Doria ao disputar o governo estadual.

Em seu primeiro discurso no cargo, exaltou a política, contrastando com a bandeira de gestor apolítico do antecessor. Em diversos momentos e de forma crescente, o contraste se tornou atrito, ainda que não inimizade. A reeleição alimentou a aposta nos bastidores do partido de que o prefeito se tornaria um contraponto ao governador como principal voz do PSDB.

Na sede do Executivo paulistano, na noite desta sexta, o clima era de consternação, com secretários se abraçando e chorando. Em frente ao Hospital Sírio-Libanês, havia grande concentração de veículos de imprensa, aguardando novas informações.

Íntegra da nota

O Prefeito Bruno Covas segue internado no Hospital Sírio-Libanês recebendo medicamentos analgésicos e sedativos. O quadro clínico é considerado irreversível pela equipe médica. Neste momento, encontra-se no quarto acompanhado de seus familiares. Ele está sendo acompanhado pelas equipes médicas coordenadas pelo Prof. Dr. David Uip, Dr. Artur Katz, Dr. Tulio Eduardo Flesch Pfiffer, Prof. Dr. Raul Cutait e pelo Prof. Dr. Roberto Kalil Filho.

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