Funcionário convocado para conduzir metrô durante greve é atingido por composição e está na UTI

Supervisor foi chamado para substituir operador de trem em dia de paralisação; companhia afirma que ele é capacitado para função

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São Paulo

Um supervisor do Metrô de São Paulo foi atingido por um trem quando acessava a plataforma do terminal de manobras da estação Luz da linha 1-azul na quarta-feira (19), quando os metroviários se encontravam em greve. O funcionário teve ferimentos na cabeça e na perna e uma fratura no quadril e precisará passar por cirurgia, segundo colegas.

Em razão da paralisação da categoria, o Metrô acionou o seu Plano de Contingência, deslocando trabalhadores de outras funções para operar os trens em pequenos trechos das linhas e, assim, atender parte dos passageiros. Segundo a companhia, esses funcionários têm treinamento para conduzir as composições.

Funcionários ouvidos pela Folha, no entanto, dizem que os supervisores até sabem operar os trens, mas não têm prática na função, já que não a exercem frequentemente, o que poderia colocar em risco a segurança do sistema.

O supervisor, de acordo com os trabalhadores, é responsável pelo funcionamento da estação e deve ter o domínio de todas as atividades. Mas muitos não passam por cursos de reciclagem para conduzir trens, dizem os metroviários.

O acidente ocorreu no terminal de manobras entre as estações Luz e Tiradentes da linha 1-azul, às 17h48, segundo relatório interno do Metrô ao qual a reportagem teve acesso.

Esse terminal, de acordo com funcionários, possui dois estacionamentos para os trens, chamados de TM1 e TM2. O supervisor, de acordo com o relatório, deixou o trem que dirigia estacionado no TM2 para auxiliar o colega que conduzia outro trem e fazia obra na TM1.

Ele seguiu no trem com o colega até a estação Luz, onde desembarcou. De lá, voltou ao terminal de manobras a pé, para voltar ao trem que conduzia.

Operadores de trem ouvidos pela Folha explicam que esse trajeto é feito em parte por uma passarela de emergência, mas depois o operador tem que seguir um pequeno trecho pela via em que circulam os trens e subir por uma escada até a plataforma.

Antes de fazer esse trajeto, é necessário avisar o Centro de Controle Operacional (CCO), a fim de que demais condutores sejam avisados de que há uma pessoa na linha, evitando acidentes.

Segundo o relatório, o supervisor fez o trajeto “sem autorização/conhecimento do CCO”. “Quando acessava a plataforma da TM-2 através da escada fixa na via foi colhido pelo trem L31 que alinha na TM-1 de Luz”, diz trecho do documento.

O condutor do trem que atingiu o supervisor avisou o acidente à CCO. A via foi desenergizada e o funcionário, desacordado, recebeu atendimento e foi levado ao Hospital Santa Isabel, na região central, onde segue internado.

Diante do acidente, representantes da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) pediram esclarecimentos ao Metrô. Segundo eles, nunca houve ocorrência dessa natureza na companhia.

Os metroviários realizaram paralisação nesta quarta-feira em protesto contra o reajuste salarial proposto pelo Metrô. As estações das linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata (monotrilho) amanheceram fechadas.

Por volta das 7h, começaram a operar os trechos entre as estações Ana Rosa e Luz, na linha 1-azul; entre Alto do Ipiranga e Clínicas, da linha 2-verde; e entre Bresser-Mooca e Santa Cecília, na linha 3-vermelha.

O Metrô informou, por meio de nota, que "com a greve deflagrada pelo sindicato dos metroviários, o Metrô operou parcialmente por meio do plano de contingência preparado pela Companhia. Um funcionário, com curso e capacitado para desempenhar a função que exercia, sofreu um acidente de trabalho. O Metrô está analisando as imagens para entender quais foram as causas desta ocorrência e presta todo o apoio ao funcionário. O Plano de Contingência é realizado com toda cautela pelo Metrô e só é necessário quando o sindicato decide não pensar na população, mas nos seus benefícios próprios".

Ainda segundo a companhia, um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Polícia do Metropolitano (que atende ocorrências no Metrô e na CPTM).

Já o Hospital Santa Isabel informou que o paciente está na UTI, consciente e estável, e em avaliação para cirurgia.

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