Gestão Doria agora quer que casarão na Paulista vire museu de gastronomia

Plano anterior era de instituição de ciência e tecnologia, mas Sesi e CNI desistiram, segundo governo

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São Paulo

O governo estadual de São Paulo abriu chamada pública para transformar um dos últimos casarões remanescentes na avenida Paulista, em São Paulo, em um museu dedicado à gastronomia.

O edital prevê a realização de estudos para a concessão à iniciativa privada do palacete Joaquim Franco de Mello, localizado no número 1.919. da avenida, entre a rua Padre João Manuel e a alameda Ministro Rocha Azevedo.

O projeto prevê o restauro e a revitalização do espaço e abre a possibilidade de um novo anexo de até 3.130 metros quadrados de área construída ao lado. O palacete em si, erguido em 1905, tem hoje 870 metros quadrados de área construída. O terreno tem 2.000 metros quadrados. O prazo previsto para a concessão é de 35 anos.

A chamada, com prazo de recebimento de propostas até 2 de agosto, tenta concluir um longo processo de disputas e tentativas de dar uma destinação ao imóvel tombado, que se deteriorou desde então.

Em 2019, o governador João Doria (PSDB) chegou a anunciar em San Francisco (EUA) que o local abrigaria um museu dedicado à ciência e tecnologia, com investimento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que faria o aporte à construção por meio do Sesi (Serviço Social da Indústria).

Mas, segundo histórico apresentado no edital, as entidades enviaram ofício em junho de 2020 retirando a proposta.

Em nota, o Sesi afirma que, em resposta aos impactos econômicos da pandemia de Covid-19, reavaliou toda a sua carteira de projetos.

Em 2014, o então governador Geraldo Alckmin anunciou na abertura da Parada do Orgulho LGBT que o local abrigaria o Museu da Diversidade. A gestão Doria, posteriormente, abandonou a ideia sob a justificativa de falta de verba.

Com 35 cômodos, o casarão remanescente da época dos barões do café tem estilo arquitetônico eclético. Por 27 anos, foi alvo de disputa judicial entre o governo estadual e a família Franco de Mello, por suposta desvalorização decorrente do tombamento.

Em 2019, o imóvel passou para domínio público, possibilitando a chamada para reforma.

Devido à demora do processo, Rubens Franco de Mello, que ingressou com a ação em 1992, não pôde ver a resolução do caso. Ele morreu em 2006. O mesmo aconteceu com seu filho, Renato Franco de Mello, que tomou a linha de frente na administração da casa no início dos anos 1990 e morreu em fevereiro de 2019, aos 70 anos.

Durante anos, Renato promoveu bazares e festas com o objetivo de angariar fundos para a manutenção do local, mas foi multado e impedido de continuar em vários momentos. Chegou a fazer pequenas reformas, mesmo às escondidas.

Em 2016, o local serviu de base para os manifestantes a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Atualmente, a avenida Paulista tem apenas quatro casarões remanescentes da sua primeira ocupação, residencial.

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