Descrição de chapéu Coronavírus

Paulistanos, artistas de rua e turistas invadem av. Paulista após reabertura

Fechada aos domingos para ciclistas e pedestres devido à pandemi, via reabre em caráter experimental

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São Paulo

A pandemia da Covid-19 levou muitas coisas dos paulistanos, entre elas sua amada praia: a avenida Paulista ficou aberta aos carros aos domingos. Por mais de um ano, a via deixou de ficar disponível para o lazer e pedestres e ciclistas nesses dias, para evitar aglomerações.

Mesmo quando parques voltaram a receber visitantes, a Paulista, cartão postal de São Paulo, permaneceu fechada. ​Agora, a cidade passa a ter um pequeno gostinho do que será a vida pós-coronavírus com a retomada do lazer na avenida na região central neste domingo (18), em caráter experimental, das 8h às 12h.​

A executiva de vendas Caroline de Oliveira Rivelles, 30, diz que está “mais feliz do que receosa” em voltar a frequentar a avenida. “As pessoas estão mais conscientes com a Covid-19. E aqui é muito gostoso, temos liberdade. Minha filha pode andar e correr e eu não preciso me preocupar com carros”, afirma ela, que estava acompanhada do marido, o motoboy Ernande de Almeida Jesus, 30, e da filha Lorena, 2.

A executiva de vendas Caroline de Oliveira Rivelles ao lado do marido, o motoboy Ernande de Almeida Jesus, e da filha, Lorena
A executiva de vendas Caroline de Oliveira Rivelles ao lado do marido, o motoboy Ernande de Almeida Jesus, e da filha, Lorena - Zanone Fraissat/Folhapress

Moradora do bairro do Ipiranga, Caroline conta que passou a frequentar parques perto de sua casa enquanto a Paulista não reabria.

“Minha filha adora aqui. Está gostando bastante”, segue ela. É a primeira vez desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em março de 2020, que a via é aberta exclusivamente aos ciclistas e pedestres.

A iniciativa ocorre em meio ao aumento da vacinação na capital paulista. Segundo a administração municipal, 70% da população elegível já foi vacinada com ao menos uma dose contra a Covid-19.

Antes da pandemia, a avenida ficava aberta para o lazer das 10h às 18h aos domingos e feriados.

“Ando por aqui todos os domingos. Mas assim sentimos que somos mais donos da cidade”, diz o arquiteto Roberto Kodama, 61, que estava de bicicleta.

“Apesar do estado da pandemia, é importante voltar a ocupar a cidade. Esse evento teste vai depender muito mais da responsabilidade das pessoas que frequentam aqui. Tem muita gente sem máscara, achando que são mais velozes do que o vírus”, continua.

A grande maioria das pessoas usava máscara. O uso do equipamento de proteção era menos frequente entre ciclistas e pessoas que corriam na ciclofaixa. Houve pequenos pontos de aglomeração de público que assistia apresentações musicais, de dança e de mágicos.

A maior concentração de pessoas se deu no trecho entre o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) e o prédio da Gazeta.

A estudante Julia Stefane, 17, saiu de sua casa, em Itaquera, para conferir a reabertura. "Fiquei muito tempo em casa só acompanhando o [aplicativo] Tik Tok. É muito bom poder voltar à Paulista. Tenho medo do coronavírus, mas estamos em um ambiente aberto e de máscara", diz ela, que estava acompanhada da irmã e de primas.

O gerente de vendas Luiz Otávio Morelli, 33, também comemorou. “A gente tinha perdido esse parque público em São Paulo. Que bom que voltou”, diz ele. Sua mulher, a engenheira agrônoma Camila Morelli, por outro lado, avalia que “ainda não era a hora de abrir”. “As pessoas têm que estar mais vacinadas. Acho um risco porque as pessoas aglomeram mesmo e tem gente sem máscara.”

Apesar das internações e mortes na cidade seguirem em queda, especialistas alertam para a necessidade de cuidados na retomada das atividades, já que há circulação de variantes mais agressivas no município.

O fluxo de pessoas e ciclistas aumentou a partir das 10h, quando os termômetros marcavam 18° em SP. Muitas famílias com crianças pequenas tomavam a via. O passeio também atraiu turistas que estavam na capital paulista.

O produtor Antonio Caldas, 47, que viajava com a família, resolveu estender sua estadia para aproveitar a Paulista aberta. “É fantástico. Chega a arrepiar ver as pessoas curtindo a vida de novo. Acredito que o pior da Covid-19 já passou”, afirma.

A reportagem também conversou com pessoas de Recife, Belo Horizonte, Manaus e Goiânia.

Apresentações musicais e pernaltas (grupo que se equilibra em pernas de pau) estavam espalhados pelos dois sentidos da via. Os artistas distribuíam máscaras e álcool em gel, em ação da Prefeitura de SP.

O músico Junior da Violla, 43, que se apresenta por lá desde 2017, espera um maior movimento neste domingo (18). “As pessoas estão loucas para sair de casa”, diz.

A via começou a ser liberada ao trânsito de veículos por volta de 12h15. A ciclofaixa na avenida fica aberta até às 16h.

A Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Subprefeitura Sé, informou que a Operação Ruas Abertas aconteceu ocorrências ou apreensões.

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