Polícia Civil investiga PMs que derrubaram mulher com bebê em Itabira (MG)

Corporação vai apurar fatos que possam caracterizar crime, inclusive a conduta dos agentes

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil de Minas Gerais investigará a conduta dos dois policiais militares que derrubaram no chão uma mulher com um bebê no colo.

O caso aconteceu na noite desta sexta-feira (5), no centro de Itabira, cidade mineira que fica a 81 km de Belo Horizonte. A mulher, que não teve o nome divulgado, foi derrubada e imobilizada por um dos policiais. O agente colocou o joelho do pescoço dela.

Em nota, a Polícia Civil diz que vai apurar fatos que possam caracterizar algum crime, inclusive a conduta dos agentes. Segundo a corporação, a mulher foi levada à delegacia, mas já foi liberada. Os nomes dos agentes envolvidos no episódio também não foram divulgados.

Policial está em cima de uma mulher, que está imobilizada no chão
PM imobiliza mulher em Itabira (MG) - Reprodução

O vídeo da abordagem viralizou nas redes sociais nesta sexta-feira. No registro, feito por uma câmera de segurança, é possível ver que outra criança, um menino que aparenta ter no máximo sete anos, foi separado da mulher na hora da abordagem e entrou em desespero ao presenciar a cena.

Ele gritou e tentou defendê-la, mas foi afastado pelos policiais e acolhido por testemunhas.

Várias pessoas que estavam nas proximidades tentaram interferir e uma delas pegou o bebê para protegê-lo quando a mulher já estava deitada no chão e com o joelho do policial em seu pescoço. Após ser algemada, ela foi levada pelos policiais para uma viatura.

Nas redes sociais, internautas compararam a abordagem violenta àquela que matou o americano George Floyd. Homem negro, ele foi morto aos 46 anos no dia 25 de maio de 2020 após ser algemado e ter o pescoço prensado contra o chão por um policial em Minnesota (EUA).

Políticos também repudiaram a ação da polícia. Prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB) disse que a ação precisa ser investigada. "Com a responsabilidade de prefeito, manifesto minha repulsa diante das imagens de uma abordagem policial ocorrida no início da noite em Itabira", disse.

"As lamentáveis cenas precisam ser apuradas com rapidez e rigor. Este não é o procedimento padrão das nossas escolas militares e do Comando Geral da Corporação."

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) disse que espera que os agentes sejam responsabilizados. "Revoltante a cena de uma mulher negra sendo agredida e imobilizada com o joelho na sua garganta por PMs de Itabira, MG, enquanto segurava uma criança de colo e outra assistia isso tudo aos gritos. O nome disso é racismo institucional! Esperamos responsabilização!"

Em nota, a Polícia Militar de Minas Gerais informou que prendeu a mulher e um homem no início da noite de sexta por porte ilegal de arma de fogo e munições.

"Durante a abordagem foram apreendidas quatro munições calibre .32 com o homem. Para impedir a apreensão da arma de fogo que estava consigo, a mulher se agarrou a uma criança, usando-a como escudo humano e se recusando a largá-la", diz a nota.

Segundo a PM, ela foi projetada ao solo e imobilizada, numa queda controlada. A corporação diz que a criança que estava no colo não sofreu nenhuma lesão. "Além da arma de fogo e das munições, uma touca ninja também foi apreendida com o casal", afirma a polícia.

Outros casos

Em maio do ano passado, um policial pisou sobre o pescoço de uma mulher negra durante uma confusão por causa de atividade comercial em um bar na zona sul de São Paulo, durante a pandemia de Covid-19.

Em setembro deste ano, a Justiça determinou que um cabo da Polícia Militar de São Paulo fosse solto, após quase dois meses de prisão preventiva, juntamente com a de outros dois PMs suspeitos de matar dois jovens, em 9 de junho, na zona sul da capital paulista. A decisão foi publicada pela juíza Letícia de Assis Bruning, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

Em agosto, sete policiais militares de Santo André (ABC) foram afastados das funções após o comando da Polícia Militar ter acesso a vídeos de uma abordagem violenta realizada por eles no bairro Sacadura Cabral, durante a madrugada.

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