'Anvisa quer fechar espaço aéreo', diz Bolsonaro ao minimizar ômicron

Nova variante do coronavírus levou agência a sugerir restrição a 10 países africanos

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) distorceu uma recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta terça-feira (7), ao dizer que ela "quer fechar o espaço aéreo".

"De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?", questionou o presidente, exaltado, diante de uma plateia de empresários em um evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

"Ah, o ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente, um montão de variante pela frente, talvez. Peço a Deus que esteja errado, mas temos que enfrentar", completou o chefe do Executivo.

Presidente Jair Bolsonaro (PL) em cerimônia no Palácio do Planalto
Presidente Jair Bolsonaro (PL) em cerimônia no Palácio do Planalto - Evaristo Sá / AFP - 2.dez.2021

O presidente disse ainda que adotou uma postura diferente em relação a outros líderes mundiais no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

"Tem de ter coragem para falar. Parece que sou o único chefe de Estado no mundo que teve posição diferente. Dizem que toda a unanimidade não é bem-vinda. E o que eu fiz? Estudei, corri atrás, liguei para embaixadores fora do Brasil, médicos. Pessoal da Amazônia. O que tem de fazer, qual a alternativa? Falei de um possível medicamento", disse Bolsonaro, ao fazer menção indireta à hidroxicloroquina.

A droga sem eficácia para a Covid se tornou bandeira do governo federal. "Que eu tomei e deu certo. Logo em seguida destruíram, praticamente, aquilo que é mais importante que o médico tem. A sua autonomia", afirmou ainda o presidente.

Com o avanço da variante de preocupação, como a classificou a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Anvisa propôs restringir a entrada de passageiros de voos de dez países da África --a nova cepa do coronavírus foi identificada pela primeira vez na África do Sul.

O governo Bolsonaro já aceitou a restrição a seis países: a própria África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. Falta deliberar sobre Angola, Maláui, Moçambique e Zâmbia. A agência pede que o governo impeça a entrada de passageiros que estiveram nos últimos 14 dias nessas nações.

Além disso, a Anvisa propõe a adoção do passaporte da vacina ou quarentena de cinco dias e testes de RT-PCR.

​Bolsonaro voltou a dizer que quem toma a vacina pode contrair, transmitir e "morrer também" por causa do coronavírus.

A imunização reduz as chances de que a pessoa desenvolva casos graves da doença. Bolsonaro diz que não se vacinou até hoje.

"Ao que tudo indica, tem a vacina que está aí, tem a imunidade de rebanho, que está aí, [então] estamos chegando no final dessa pandemia. Peço a Deus que estejamos todos certos nesse momento", afirmou no evento da CNI.

Quando os primeiros casos de Covid surgiram, cientistas calcularam que essa imunidade coletiva, ou de rebanho, poderia ocorrer quando cerca de 70% de uma população estivesse protegida. A variante delta, mais contagiosa, alterou esse quadro, e muitos especialistas consideram que a imunidade de rebanho se tornou impossível.

O presidente deve se reunir com Queiroga (Saúde) e Ciro Nogueira (Casa Civil) na tarde desta terça-feira para discutir a cobrança de certificado de vacinação de quem entra no Brasil.

O ministro da Saúde deve defender a sugestão da Anvisa. Como revelou a Folha, a agência apresentou em 12 de novembro a proposta de adotar o passaporte vacinal, mas Bolsonaro é contra.

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