Mortes: Foi referência para o movimento comunitário popular

Miguel Borges Leal mora em Heliópolis desde 1979

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São Paulo

No dia 30 de novembro, a comunidade de Heliópolis (zona sul da capital paulista) perdeu uma de suas importantes lideranças.

Natural do Piauí, Miguel Borges Leal, morador de Heliópolis desde 1979, foi um dos primeiros mobilizadores da população local na luta por melhores condições de vida e direito à moradia.

Fundador e presidente da Unas (União de Núcleos e Associações dos Moradores de Heliópolis), Miguel participou de vários movimentos, como o de Loteamentos Clandestinos, Defesa dos Favelados, da Associação Nacional do Solo Urbano, Central de Movimentos Populares e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, que ajudou a fundar.

Miguel Borges Leal (1943-2021)
Miguel Borges Leal (1943-2021) - Raimundo Bonfim no Facebook

Perto de Miguel ninguém passava necessidade. "Nós o considerávamos um bom samaritano e franciscano, tamanha era a sua generosidade. Miguel nunca acumulou bens e dividia tudo que tinha. Para ele, o coletivo estava sempre acima do individual", conta Raimundo Bonfim, advogado, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares e membro da coordenação nacional da Frente Brasil Popular.

"Em uma época em que passei por situação de violência contra um membro da família, Miguel me deu morada na sua casa. Sou eternamente grato por ele ter me colocado na militância política e no movimento popular. Miguel dedicou toda a sua vida à luta por melhores condições de vida, especialmente por moradia, na resistência contra as injustiças, a pobreza e a fome, lutou como ninguém por um país melhor e nos ensinou como é importante o povo se organizar para a participação na luta e por seus direitos", afirma Raimundo.

Miguel era católico e não carregou mágoas ao longo da vida. Firme nas convicções, mesmo sem muito estudo, era admirado por todos devido a sua sabedoria popular.

"Nossa melhor homenagem é seguir a sua luta por igualdade e justiça social, por uma sociedade justa e fraterna, como ele sempre pregava. Por fim, só nos resta gratidão pela honra de ter compartilhado essa caminhada tão bonita, corajosa, carregada de amor, sabedoria e compromisso com a transformação política, econômica e social", diz Raimundo.

Miguel morreu aos 78 anos, em decorrência de um AVC. Solteiro, não tinha filhos. Ele dizia que o povo era a sua família.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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