PF abre novo inquérito para apurar ameaças contra técnicos da Anvisa

Ataques se intensificaram após autorização do uso de vacina contra Covid em crianças

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Brasília

A Polícia Federal abriu um inquérito para identificar os responsáveis por ameaças feitas a técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Uma onda de intimidações contra servidores da agência se intensificou nos últimos dias após a autorização do uso da vacina da Pfizer contra Covid em crianças de 5 a 11 anos.

Instaurada na quarta-feira (15), a apuração está a cargo da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF no Distrito Federal.

Na semana passada um outro inquérito foi concluído pela PF e enviado à Justiça Federal sobre ataques virtuais dirigidos a diretores da Anvisa em outubro.

Vacinação contra a Covid-19 na UBS Santa Cecília, no centro de São Paulo, em novembro deste ano - Danilo Verpa - 16.nov.21/Folhapress

As ameaças contra os técnicos, por sua vez, começaram a acontecer com mais frequência a partir da formalização do pedido para a aplicação do imunizante no público, em novembro.

Com o aval da Anvisa, na quinta-feira (16), a situação se agravou.

Na mesma data, durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que havia solicitado "extraoficialmente" o nome dos técnicos da agência envolvidos no tema e que iria divulgá-los.

A proposta foi interpretada por técnicos como uma tentativa de intimidação. Ao mesmo tempo em que ameaças intensificaram nas redes sociais, foi lançada uma campanha com a hashtag #SomosTodosAnvisa no final de semana.

Nesta segunda-feira (20), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou não ver problema na divulgação de nomes de técnicos da Anvisa como sinalizou Bolsonaro.

"Não há problema em se ter publicidade dos atos da administração. Acredito que isso é até um requisito da Constituição", disse a jornalistas em frente ao ministério.

A agência já havia solicitado formalmente proteção policial, que não foi atendida, e reforçou o pedido após ataques em redes sociais se intensificarem nas últimas 24 horas.

A polícia, agora, avalia como auxiliar na segurança dos servidores. ​

No domingo (19), a direção da Anvisa enviou um ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para expor a situação.

Afirmou que foi surpreendida "com publicações nas mídias sociais na 'internet' de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica".

"Esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento", disse.

Em resposta, a PGR (Procuradoria-Geral da República) informou ao presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, a adoção de providências no âmbito da Procuradoria "no sentido de contribuir para assegurar a proteção dos dirigentes da agência diante de ameaças feitas a diretores do órgão, possivelmente em represália a posições técnicas adotadas no campo de suas competências".

De acordo com o ofício, comunicações anteriores da agência acerca de situações assemelhadas "foram diligentemente tratadas por membros do Ministério Público Federal no Distrito Federal e no Paraná, que contam, no tema, com o zeloso trabalho da Polícia Federal".

No caso enviado à Justiça, que tramita sob sigilo, um homem enviou e-mails com ameaças de morte aos diretores da Anvisa se fosse aprovada a vacinação para crianças de 5 a 11 anos. Endereços eletrônicos e telefones dos dirigentes da agência foram divulgados nas redes sociais.

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