Minas Gerais volta a sofrer com estragos causados pelas chuvas

Em Mateus Leme, uma ponte cedeu; mulher morreu em Cataguases após ter carro arrastado

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Conselheiro Lafaiete (MG) e São Paulo

O estado de Minas Gerais voltou a sofrer com os impactos das chuvas. Em janeiro, grande parte da região recebeu grande volume de chuvas, causando inundações, deslizamentos de terras, interdição de rodovias e mortes. A região metropolitana de Belo Horizonte, o oeste do estado, a Zona da Mata e a central mineira são as regiões que haviam registrado alto índice de precipitações no último mês e voltaram a sofrer com os temporais dos últimos dias.

A cidade de Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, havia sofrido com as enchentes de janeiro e voltou a ter problemas. Com o alto volume de chuvas o ribeirão Mateus Leme transbordou e alagou os bairros Cidade Nova 1, Cidade Nova 2 e Nova Esperança.

Segundo a prefeitura, cerca de 50 casas foram atingidas. 30 pessoas ficaram desabrigadas e outras 30 desalojadas. O volume do ribeirão ainda está elevado, mas no momento não há transbordamentos. Os moradores se mantêm alertas pois ainda há previsão de chuvas para a cidade.

Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, a chuva forte inundou a região central da cidade, destruindo o calçamento e invadindo casas e lojas. Segundo a prefeitura, ninguém se feriu, mas ao menos 15 pessoas ficaram desabrigadas.

De acordo com a Defesa Civil, além da região central, a maioria dos bairros também apresentou ocorrências devido às chuvas. A prefeitura trabalha nos reparos emergenciais, mas pede que a população permaneça em estado de alerta pois ainda há previsão de chuva para os próximos dias na cidade.

No sul do estado, a cidade de Santo Antônio do Amparo registrou ocorrência de granizo na noite de terça (15). A forte chuva durou cerca de 30 minutos, mas causou estragos em muitas casas. Muitos bairros da cidade ficaram sem energia elétrica por mais de quatro horas.

Segundo a prefeitura, cerca de 400 famílias foram atingidas. Mais de 30 pessoas estão abrigadas no Amparense Tênis Clube, enquanto o restante preferiu ir para casas de familiares e amigos.

A cidade de Cataguases, na zona da mata, enfrenta a segunda cheia dos rios Pomba e Meia Pataca neste ano. Segundo a Defesa Civil, cerca de 50 famílias estão desabrigadas e outras 612, desalojadas.

As chuvas dos últimos dias provocaram alagamentos em diversos pontos do município, principalmente no distrito de Sereno e na comunidade de Sereninho.

Mulher morre ao ter seu carro arrastado pelas águas na cidade de Cataguases; ele ficou preso entre as árvores
Mulher morre ao ter seu carro arrastado pelas águas na cidade de Cataguases; ele ficou preso entre as árvores - Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Uma mulher de 52 anos morreu no domingo (13), após ter seu carro arrastado pela correnteza e preso entre árvores. Ela estava sozinha e seguia por uma estrada vicinal próximo ao distrito de Sereno. O veículo foi arrastado pela água enquanto ela tentava atravessar uma ponte.

Na capital mineira também chove acima do esperado neste mês. De acordo com a Defesa Civil, todas as regionais de Belo Horizonte já ultrapassaram a média climatológica de todo o mês de fevereiro em apenas 15 dias. A região de Venda Nova registra o maior volume de chuvas, chegando a 220% da média do mês.

Devido às chuvas dos últimos dias e a previsão de grande volume de precipitação nas próximas 48 horas, a Defesa Civil informou que há possibilidade de risco geológico na capital até a próxima segunda (21).

Em Mateus Leme, na região da Grande BH, um temporal mais concentrado, que teve início durante a madrugada desta terça-feira (15), não provocou mortes, feridos ou desabrigados, mas resultou em moradores ilhados no bairro Central e também em alguns distritos.

Em Azurita, localidade a cerca de quatro quilômetros de Mateus Leme, a ponte que leva o mesmo nome do distrito cedeu nesta terça-feira (15), informou a assessoria de imprensa da cidade.

Nesta quarta-feira (16), apesar de algumas pancadas de chuva, o nível do rio baixou e a prefeitura trabalha em obras de reparo no local. Uma passagem para pedestres já foi construída e máquinas estão retirando o entulho e os restos da ponte para que ela seja reconstruída. Segundo a prefeitura, o prazo para que a nova ponte fique pronta é de cerca de dois meses.

No distrito de Serra Azul, também em Mateus Leme, enchentes isolaram os moradores dos bairros Areia Preta e Caxambu. Por telefone, a prefeitura informou que, da véspera de Natal até hoje, em apenas dez dias não foram registradas chuvas, e que monitora outras três pontes.

Ponte Azurita, localizada em distrito de Mateus Leme, cedeu com as chuvas
Ponte Azurita, localizada em distrito de Mateus Leme, cedeu com as chuvas - Divulgação/prefeitura de Mateus Leme

Segundo o Inmet, as fortes chuvas são influenciadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), quando uma massa de umidade se concentra em uma região sem conseguir se dissipar. O mesmo fenômeno provocou alto volume de chuvas na Bahia em dezembro e em Minas em janeiro.

Ao longo deste período chuvoso, o fenômeno climático La Niña faz com que a ZCAS seja mais intensa do que normalmente ocorre, causando níveis de chuva acima da média.

De acordo com o instituto, até quinta-feira (17) ainda deve continuar chovendo forte na Zona da Mata e na região metropolitana da capital mineira. Também devem registrar altos índices de chuva o Vale do Aço e o Vale do Rio Doce.

Assim como o Inmet, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) também monitora o território de Minas Gerais. O órgão publicou comunicado em que considera como "alta" a possibilidade de ocorrências de eventos hidrológicos nas mesorregiões Norte e Zona da Mata, devido aos acumulados preexistentes, que aumentaram a umidade do solo e à previsão meteorológica de continuidade da chuva.

Já nas regiões do Vale do Rio Doce, metropolitana de Belo Horizonte e Campo das Vertentes, o risco de ocorrências hidrológicas é classificado como moderado.

Desde o início do período chuvoso, em 1º de outubro de 2021, Minas Gerais registrou 422 municípios em situação de emergência. O número de mortos em decorrência do período de chuvas já chega a 26. Destas mortes, 20 ocorreram nos primeiros meses de 2022. Em todo o período chuvoso foram registrados 9.049 casos de pessoas desabrigadas e 55.461 desalojadas.

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