Descrição de chapéu chuva

Chuva em cidade de MG isola moradores e resulta em morte de animais

Em Pará de Minas, 500 porcos que estavam em galpão próximo de barragem morreram

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Pará de Minas (MG)

O caminho até as comunidades que vivem próximas da barragem Carioca, em Pará de Minas, uma das cidades mais atingidas pela chuva em Minas Gerais, requer muita paciência e habilidade no volante. Caminhões atolaram, e 500 porcos que estavam em um galpão morreram.

O percurso está cheio de obstáculos, que incluem buracos em rodovias, queda de barragens e caminhão atolado.

Na manhã desta terça-feira (11), ainda chovia na região. A rodovia MG-431, que liga Itaúna a Pará de Minas, registrava diversos buracos e quedas de barreiras em seu percurso, algumas delas cobrindo um lado total da pista.

Erosão atinge estrada rural que dá acesso ao bairro Carioca, em Pará de Minas, no interior mineiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Já na região do Carioca, bairro próximo à barragem, os moradores estão enfrentando diversas dificuldades com a quantidade de água que ainda insiste em cair.

"Estamos isolados aqui no Carioca. O bairro chegou nessa situação porque ninguém tomou providência antes da chuva." É assim, em tom revoltado, gesticulando muito, que o pescador Elimar Alves Ferreira, 56, relata a situação da zona rural de Pará de Minas.

Na estrada do Carioca, principal via do bairro, um caminhão carregado de frangos vivos atolou, permanecendo por ser cerca de 12 horas na mesma situação até receber auxílio de funcionários da prefeitura. Uma outra estradinha paralela se viu dividida ao meio após parte do solo ceder.

"É um descaso, eu tenho vídeo gravado reclamando da estrada. Por que não arrumaram os buracos? Não colocaram as manilhas", questionou Ferreira.

Por vezes bastante exaltado, o alvo do pescador era o vereador Rodrigo Alves Meneses (MDB), que estava no local.

Enquanto Ferreira o acusava de aparecer apenas para acompanhar a situação atual, o vereador se defendia, ao afirmar ter cobrado a prefeitura a realizar melhorias nas vias de terra antes da chuva.

"Na época do inferno, eles vêm para falar em calamidade", dizia o homem enquanto era observado por outros moradores, que preferiram permanecer calados.

Sobre a condição da barragem Carioca —foi emitido dias atrás um aviso sobre possível rompimento—, o pescador disse não ter a quem se queixar, pondo a culpa na natureza.

O palco para a revolta de Ferreira era o local onde um caminhão carregado com 2.184 frangos e pesando cerca de 4.000 quilos estava atolado desde as 23h de segunda (10).

O motorista do caminhão, que havia retirado os animais em uma granja próxima e seguia em direção a Bom Despacho, comemorou o fato de ter atolado, uma vez que, para ele, poderia ser pior se tivesse seguido viagem.

"Foi bom ter atolado, caso contrário eu teria caído no buraco'', disse o caminhoneiro Jairo Orlando Chaves, 42, fazendo referência à cratera aberta a alguns metros de onde parou.

Pouco antes das 11h, servidores da prefeitura com tratores e outros maquinários pesados desatolaram o caminhão, que retornou para a granja onde havia abastecido.

Quem acompanhou os trabalhos foi o diretor de obras das estradas rurais de Pará de Minas, José Salvador Moreira, 66. Segundo ele, dos cerca de 1.800 quilômetros de vias de terra que compõem a malha rodoviária da cidade, 1.500 quilômetros apresentam alguma restrição em decorrência das chuvas

"Tudo devido à natureza, ao clima. Nós estamos com várias equipes em pontos estratégicos", disse.

A reportagem aguardou a abertura da via por cerca de três horas. No entanto, a estrada do Carioca continuava bloqueada até o início da tarde.

Um morador da região se prontificou a levar a reportagem até um ponto próximo da barragem em que era possível visualizar a força e quantidade das águas.

Já nas proximidades da barragem, no bairro Torneiros, o proprietário da Agropecuária 3 Irmãos, Cassio Diniz, 32, corria para transportar porcos de um ponto para o outro da cidade.

"Perdi 500 animais prontos para irem para o frigorífico. Tinham entre 80 e 100 quilos. A granja tem 30 anos, nunca chegou lá."

Assim que o grande volume de água na barragem passou a ser visível, o nosso guia, o vigilante Cleber Thomaz dos Santos, 63, que fez todo o percurso de 20 minutos de estrada de terra e lama a bordo de uma moto simples, fixou os olhos em direção ao ponto, como se não estivesse acreditando na imagem.

"Moro aqui há 13 anos e desse jeito é a primeira vez que vejo. Dá medo. Fico preocupado com as pessoas de Pitangui, Brumado e Conceição do Pará", afirmou ele, sobre as cidades em que o volume de água desemboca.

Em um vídeo, o prefeito Elias Diniz disse que a barragem segue comprometida, com possibilidade de rompimento.

Em nota publicada nas redes sociais, a Santanense, empresa responsável pela barragem, informou que "a barragem de concreto da Usina do Carioca permanece estável, sem rompimento".

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